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CATÁSTROFE NO RS: "Me sinto derrotada", diz moradora em abrigo; saiba como funcionam acolhimentos em Novo Hamburgo

Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz tornou-se um farol de esperança para aqueles que perderam tudo nas enchentes

Giordanna Vallejos
Publicado em: 03/05/2024 às 18h:20 Última atualização: 03/05/2024 às 18h:52
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Novo Hamburgo vive momentos de desafio e superação diante das enchentes que assolam a região, obrigando famílias inteiras a buscarem refúgio nos abrigos locais. Entre os corredores desses locais temporários, histórias de perdas, esperança e solidariedade emergem.

Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo | abc+



Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo

Foto: Giordanna Vallejos/GES-Especial

O abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz tornou-se um farol de esperança para aqueles que perderam tudo nas enchentes. Com uma lotação máxima de 278 pessoas na tarde desta sexta-feira (3), o local acolhe desde idosos até crianças e animais de estimação. 

O Município está com outros pontos para o acolhimento dos desabrigados: ginásios do CIEP Canudos, Sesi, Centro de Iniciação ao Esporte, no Parque do Trabalhador e no ginásio da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf) de Novo Hamburgo, abrigo temporário aberto nesta tarde, após a lotação do espaço na Fenac.

Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo | abc+



Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo

Foto: Giordanna Vallejos/GES-Especial

Neli Fernandes compartilha aos seus 72 anos sua jornada de perda e recomeço, entre lágrimas. “Tive que sair ontem [quinta-feira] de manhã, porque já estava entrando água em casa. Saímos correndo, eu e meu filho, deixamos tudo para trás. Ficou até a minha porta aberta. O choro veio na hora. Estou sendo bem recebida aqui no abrigo, bem cuidada pelos médicos, pelas enfermeiras. Mas eu me sinto derrotada.”

Para muitas famílias, a vida nos abrigos representa um desafio diário, marcado pela incerteza e pela adaptação a uma nova realidade. “É horrível ter que vir para o abrigo com as minhas três filhas. Está bem complicado, é bem difícil mesmo. Preferimos sair e perder tudo, do que acontecer alguma coisa com as crianças”, diz Patrícia Ruschel, 32.

Zulmira Conceição Bonfim Viera Neta, 45, moradora do bairro Santo Afonso, relata a sua situação. “Está enchendo de água tudo de novo. Agora tivemos que sair às pressas, está tudo erguido, se encher de água as pessoas perdem tudo de novo, está um caos”, explica ela.

Como funciona o abrigo?

Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo | abc+



Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo

Foto: Giordanna Vallejos/GES-Especial

A dinâmica no abrigo do Ginásio do Colégio Sinodal da Paz é organizada para atender às necessidades imediatas dos desabrigados, sob a coordenação de Márcia Cristina Halmrnschlager, do CRAS Santo Afonso.

Logo após a chegada, as pessoas passam por um processo de cadastro detalhado, que visa identificar suas necessidades específicas, como o tamanho do grupo familiar e a carência de itens básicos.

Uma vez cadastrados, os desabrigados são direcionados para áreas específicas do abrigo, onde recebem os itens essenciais, como travesseiros, colchões e cobertores. Além disso, a equipe do abrigo está atenta à condição física dos residentes, oferecendo assistência médica imediata, bem como roupas secas e banho, quando necessário.

Além da distribuição de itens básicos e assistência pessoal, o abrigo mantém uma rotina alimentar regular, com café da manhã às 8h30, almoço às 11h45, lanche às 15 horas e jantar às 20 horas.

Márcia pede ajuda para manter as necessidades básicas dos desabrigados. “Precisamos de lanche da tarde, café da manhã, almoço de quinta-feira, cobertores, prato descartável, travesseiros e colchões são sempre bem-vindos. Temos muitas famílias e nem sempre conseguimos entregar o suficiente.”

Voluntários trazem conforto e esperança

Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo | abc+



Abrigo no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, em Novo Hamburgo

Foto: Giordanna Vallejos/GES-Especial

No abrigo, voluntários trabalham incansavelmente para garantir que as necessidades básicas sejam atendidas. As entidades e grupos solidários têm um papel importante no apoio à comunidade.

Clari Catarina Zarth, 73, do Lions NH Terceiro Milênio, decidiu sair do conforto do seu lar, para ficar de pé, preparando alimentos para as pessoas do abrigo. “Gosto muito de auxiliar os outros, faço muito voluntariado. Nós viemos, pois temos vontade de nos doar e de trabalhar pelas pessoas.”

Apesar dos desafios, a comunidade de Novo Hamburgo demonstra resistência e solidariedade. Joice Pereira, esteticista, e Kelvin Forcolen, autônomo, são exemplos de pessoas que sofreram com as enchentes no ano passado e que, agora, tornaram-se voluntários para ajudar aqueles que enfrentam situações semelhantes às que eles próprios já vivenciaram.

“Ano passado perdemos quase todas as nossas coisas em Lomba Grande e conseguimos sair de lá, então resolvemos ajudar esse pessoal que está precisando. Fizemos uma rifa, fomos no mercado e conseguimos comprar algumas coisas, estamos tentando arrecadar mais também”, conclui Joice.

Nos abrigos, onde histórias de vida se entrelaçam em meio ao caos das enchentes, a solidariedade floresce como uma luz de esperança, iluminando o caminho rumo à reconstrução e à renovação.

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