Representantes técnicos das prefeituras e promotores do Ministério Público (MP) de Novo Hamburgo e São Leopoldo estiveram reunidos com especialistas do Instituto Militar de Engenharia (IME) neste sábado (11) para projetar ações para a reconstrução do dique no limite dos dois municípios, que se teve um rompimento parcial. O encontro, que ocorreu no MP-NH, também contou com a presença do CREA RS e de professores de engenharia.
Os especialistas do IME, sediado no Rio de Janeiro, que vieram a Novo Hamburgo a pedido da prefeita Fatima Daudt, alertaram para a fragilidade do dique e o grande risco de se utilizar sua crista como caminho de trânsito pesado para ações ao lado da casa de bombas do bairro Santo Afonso, na parte em que houve ruptura no lado leopoldense do dique.
Segundo eles, o mais indicado é construir um caminho até o local, a exemplo do que foi feito na BR-116, aproveitando a possibilidade do próprio Exército em construir este caminho. Também lembraram que a obra que está sendo feita agora pela prefeitura de São Leopoldo não possibilita o retorno a curto prazo das famílias para suas casas, uma vez que as águas precisam ser retiradas com bombas flutuantes e que ainda há afluência de água pelo arroio Gauchinho e o fato das chuvas continuarem.
Rompimento afeta 30 mil pessoas
Conforme a prefeita de Novo Hamburgo, há 15 mil pessoas no bairro Santo Afonso diretamente impactadas pelo dique e que em algum momento precisam voltar com segurança para casa. Número semelhante, ou maior, em São Leopoldo. “Estamos lidando com vidas. Precisamos pensar na segurança das pessoas. Por isso, é preciso que os técnicos das duas prefeituras trabalhem juntos nesta questão do dique”, enfatizou Fatima.
Soluções
Após contas e análises envolvendo cotas do terreno e das ruas, distância até a Casa de Bombas e necessidade de material, a alternativa proposta em consenso foi aproveitar cotas mais altas de algumas ruas da Vila Palmeira e aterrar partes necessárias na construção de uma rampa para chegar até o dique junto à Casa de Bombas.
Desta forma, caminhões carregados de material chegam pela rampa e retornam vazios pela crista do dique, mantendo a segurança da estrutura. Entre as ruas a serem utilizadas estão Leopoldo Wasum e Hugo Erni Feltes, alternativa que possibilita retirar as bombas para limpeza e secagem mais rapidamente, e também a construção mais rápida da chamada ensecadeira, estrutura necessária para o conserto do dique.
O promotor Sandro de Souza Ferreira propôs que os técnicos das duas prefeituras, mais os representantes do IME, seguissem reunidos para buscar uma solução conjunta. Já os técnicos ficaram de levar esta possibilidade para análise dos respectivos prefeitos.
Em entrevista a Rádio ABC 103.3 fm, do Grupo Sinos, na tarde deste domingo (12), Fátima disse que o dique não foi projetado para receber o peso de caminhões carregados com materiais para a reconstrução do local rompido. Por isso, sua decisão foi chamar os especialistas. “Nós temos que agir de forma responsável, a decisão de continuar ou não esses trabalhos é do Ministério Público e isso ainda não foi nos passado. Eu fiz aquilo que considero que seja responsável. Não é uma obra rápida, não é uma obra de uma semana, é uma operação que requer tempo”, declarou.
“Eu não posso não fazer essa obra emergencial”
Também à Rádio ABC, o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, enfatizou a urgência das obras emergenciais no dique para conter as cheias. De acordo com o prefeito, todos os documentos oficiais do dique estão disponíveis nos arquivos municipais, e as obras emergenciais são embasadas neles com o objetivo garantir a segurança estrutural sem causar danos à sua integridade.
“Eu não posso não fazer essas obras emergenciais, porque se eu não faço, nós vamos ficar 60 dias com essa água, e isso é quase impossível. Nós temos que fazer essas obras emergenciais para tentar estancar a entrada de água do dique para dentro, e tentar tirar a água das bacias para dentro do rio. Não tem outra alternativa, a população não pode ficar esperando um estudo técnico, detalhamento… são obras emergenciais”, relatou.
Além disso, Vanazzi destacou que, após a contenção da situação de emergência, serão realizados estudos técnicos detalhados para desenvolver projetos mais estruturados e permanentes. Isso incluirá elevar a altura do dique e melhorar sua base, medidas que demandarão recursos e tempo para implementação. “Agora, o que estamos fazendo é resolvendo um problema urgente para retirar a água que não tem para onde sair”, complementou.
O dique foi uma construção do Exército na década de 1970 e entre os técnicos enviados está a professora de pós-graduação do IME, Maria Esther Soares Marques, especialista em Geotecnia e que atuou na empresa que construiu o dique.
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