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SAÚDE

CATÁSTROFE NO RS: Estado prevê aumento de contaminação de doenças devido às enchentes

Secretaria Estadual da Saúde projeta aumento de leptospirose, hepatite A e dengue

Giordanna Vallejos
Publicado em: 14/05/2024 às 14h:44 Última atualização: 14/05/2024 às 15h:27
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No Rio Grande do Sul, as próximas semanas se apresentam como um verdadeiro desafio para a saúde pública. Com as recentes enchentes que assolaram o Estado, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) prevê um aumento significativo no número de casos de diversas doenças, incluindo leptospirose, hepatite A e dengue.

 



 

“Para as doenças mais prevalentes em razão das enchentes, ainda estamos em período de incubação, mas esperamos um aumento expressivo nas próximas semanas”, explica a SES.

Leptospirose

A leptospirose, doença infecciosa transmitida pela bactéria Leptospira, tornou-se uma preocupação central devido às enchentes. Conforme a diretora de saúde e coordenadora dos abrigos vinculados à prefeitura de Novo Hamburgo, Juliana Beatriz Forneck de Limas, há relatos de sintomas relacionados à leptospirose entre os desabrigados.

Ela observa que, embora ainda não haja confirmações oficiais, já foram iniciados tratamentos profiláticos para casos específicos.

O secretário de Saúde de Novo Hamburgo, Marcelo Reidel, enfatiza que a população busque atendimento médico imediato diante de sintomas como febre e dores, especialmente na região lombar e panturrilha, em pessoas que tiveram contato com água ou lama de enchentes.

Juliana enfatiza a importância de avaliar cada caso de exposição à água contaminada antes de iniciar qualquer tratamento profilático para leptospirose. “Não são todas as pessoas que entraram na água que teriam critérios indicativos para isso, então realmente tem que passar por consulta médica. Quem for entrar na água deve ter cuidado com lesões abertas e tentar usar galochas e luvas para se proteger”, aconselha Juliana.

Hepatite A

A Hepatite A é uma doença causada por um vírus que pode ser transmitido pela ingestão de água ou alimentos contaminados com esgoto e dejetos humanos, o que ocorre durante as enchentes.

Devem ser observados sintomas como: mal-estar, prostração, febre, mialgia, náuseas, vômitos, pele e olhos amarelados. Nesses casos a pessoa deve procurar um médico imediatamente e relatar que teve contato com alagamentos.

A vacina Hepatite A está disponível no SUS. Excepcionalmente para situações de enchente, é possível a aplicação em adultos.

Dengue

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o clima frio poderá frear o aumento de casos de dengue, mas não eliminará os casos definitivamente.

Observou-se, nos últimos anos, a confirmação de casos de dengue durante todo o inverno, inclusive nas semanas mais frias. O inverno é considerado um período de baixa transmissão em comparação ao verão, mas é importante manter a vigilância mesmo com as baixas temperaturas por haver 468 municípios infestados, muitos com acúmulo de entulhos e possíveis criadouros com o acúmulo de água.

Até a tarde desta terça-feira (14), o Estado tem 1190.388 casos notificados, 116.517 casos confirmados, 38.463 descartados e 31.931 ainda estão em investigação. Há 138 óbitos confirmados pela doença em 2024.

Doenças respiratórias

Além da leptospirose, as doenças respiratórias são uma preocupação constante, especialmente entre crianças. O contato prolongado com água contaminada, somado à umidade e ao frio, característicos do inverno gaúcho, cria um ambiente propício para o surgimento e disseminação de vírus e bactérias respiratórias.

“Estamos vendo uma questão de saúde muito importante nesse momento. A parte respiratória está muito forte, especialmente depois da onda de calor seguida por um resfriamento rápido.” Juliana destaca que muitas crianças e idosos estão apresentando sintomas graves de doenças como bronquite e bronquiolite.

Ela explica que as condições adversas geradas pelas enchentes, combinadas com as mudanças bruscas de temperatura, exacerbam a situação. “Isso pode ter sido gerado pela exposição à chuva até entrarem em abrigos. Também essa troca brusca de temperatura que acontece muito no Rio Grande do Sul.”

Marcelo Reidel destaca o esforço da equipe de saúde para minimizar os impactos dessas enfermidades, incluindo ações preventivas como a vacinação contra a gripe. Ele ressalta a importância da vacinação, especialmente em um contexto de umidade e chuvas frequentes, que favorecem a circulação de vírus respiratórios.

Alta capacidade

Diante desse cenário desafiador, os serviços de saúde pública estão operando em alta capacidade. Juliana destaca que o abrigo da Fenac, em Novo Hamburgo, funciona 24 horas por dia, atendendo a uma média de mais de 200 pessoas diariamente. A equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros e voluntários, está dedicada a fornecer assistência médica e apoio psicossocial aos desabrigados.

O secretário de saúde destaca a importância da colaboração da população, enfatizando a necessidade de vacinação contra a gripe e outras medidas preventivas, como uso de botas de borracha e luvas ao entrar na água da enchente e buscar atendimento médico em caso de sintomas.

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