O avanço acelerado das águas do Rio dos Sinos e a iminência de transbordamento do dique do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, fez a Prefeitura decidir pela evacuação imediata da região da Vila Palmeira.
Uma operação foi montada durante a madrugada desta sexta-feira (3) e está nas ruas desde as 5 horas com carros de som e viaturas policiais para chamar atenção dos moradores.
O avanço acelerado das águas do Rio dos Sinos e a iminência de transbordamento do dique do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, fez a Prefeitura decidir pela evacuação imediata da região da Vila Palmeira.
Suélen Schaumloeffel/GES-Especial pic.twitter.com/WZ7JtXLj0w
— Jornal NH (@jornalnh) May 3, 2024
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Segundo a Prefeitura, cerca de 12 mil pessoas vivem na área do bairro Santo Afonso que pode sofrer com a enchente sem precedentes. A Vila Palmeira, onde fica a casa de bombas é a mais baixa daquela região, deve ser o primeiro ponto afetado. Dependendo do avanço da enchente, outros pontos da Santo Afonso poderão ser alagados.
Desde às 5 horas desta sexta, dois carros de som percorrem as ruas do bairro para alertar a população para que reúna seus itens essenciais e se dirija até a Praça da Juventude (Rua Honduras, 150, Santo Afonso) onde ônibus estarão esperando para fazer o transporte dos moradores até o abrigo que está sendo organizado nos pavilhões da Fenac, no bairro Ideal.
A avaliação dos técnicos do município aponta que o rio devia extravasar em um trecho junto da Travessa Vera Cruz, parte mais baixa do dique, e escoar até a região da Casa de Bombas, quando começa a represar. Se o rio chegar a 10 metros, que é a altura do dique (aproximadamente 9,5 metros), a região protegida pela barreira se torna área de inundação. Na avaliação técnica, este é o cenário mais grave.
Em nota enviada à reportagem por volta das 6 horas, a Prefeitura diz que “o nível do rio vem subindo seis centímetros por hora e chegou na marca de 8,98 metros durante a madrugada, fato nunca visto antes na história das medições”.
Águas avançam rapidamente
A decisão pela retirada imediata dos moradores foi tomada pela prefeita Fatima Daudt no final da noite de quinta-feira (2), depois que as equipes do município observaram o avanço rápido do nível do rio. “A possibilidade do transbordamento do rio no dique é iminente. Nós não vamos pagar para ver e por isso tivemos que tomar essa decisão. O foco é retirar as pessoas da área de risco, é preservar vidas. Nossa cidade nunca enfrentou uma cheia assim”, disse ainda na madrugada, enquanto se reunia com um comitê para coordenar as ações.
Segundo as medições realizadas pelas equipes do município, as águas subiam 6 centímetros por hora. “Algo nunca visto”, pontua o diretor de Esgotos Pluviais da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Serviços Urbanos e Viários (Semopsu), Ricardo Al-Alan.
Até a enchente desta semana, o nível máximo que a Prefeitura havia registrado em Novo Hamburgo foi de 8,20 metros, na cheia de 2013. Na madrugada desta sexta, às 2 horas, as medições já chegavam em 8,76 metros. “Já superamos essa marca histórica e, pela minha experiência, vejo que ainda vai agravar”, alerta, baseado no comportamento do Sinos em outras cheias.
A preocupação é ainda maior levando em consideração todo o volume de água que está descendo do Vale do Paranhana. Por lá, cidades como Igrejinha e Rolante amanheceram debaixo da água na quinta-feira, com os rios superando níveis históricos. “É muita água que está vindo e a chuva ainda não cessou, por isso repito: a situação é grave e sem precedentes. Por favor atendam ao pedido e busquem abrigo seguro”, reforça Fatima.
Dique protege Novo Hamburgo e São Leopoldo
Construído na década de 1970, o dique de contenção começa em Novo Hamburgo e se estende até São Leopoldo. A estrutura protege zonas mais baixas de inundações do Rio dos Sinos. Segundo a Prefeitura hamburguense, durante o dia foi feito contato com o município de São Leopoldo sobre a situação.
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Doações necessárias
Com os quatro abrigos que estão em funcionamento recebendo moradores e em alguns espaços com lotação máxima, a Prefeitura corre atrás do tempo para conseguir viabilizar toda a estrutura necessária. A maior necessidade no momento é por colchões, item que devido à situação do Estado, há mais dificuldade de se conseguir. Quem puder doar o item, deve levá-lo até a Fenac.