Ao abrir a porta de número 10 da rua Vista Alegre, no bairro Santo Afonso, na tarde de quinta-feira (31), o casal Osiel da Cruz, 45 anos, e Letícia Santos Goes, 40, viram pela primeira vez como ficou sua casa após ser atingida pela maior enchente da história. Foi quase um mês sem poder acessar o local por conta da altura da água e o cenário encontrado foi de completa destruição.
Na sala, uma geladeira tombada em meio aos sofás e cadeiras. Uma cadeirinha de bebê ao lado de um único sapatinho do calçado do filho Otávio, de apenas dois anos. Na cozinha, todos os armários de madeiras caídos e se desmanchando, uma máquina de lavar em meio ao barro, mesas e utensílios domésticos uns sobre os outros. “Nós pagamos mais de R$ 6 mil reais nesta cozinha, era linda, o nosso sonho”, lamenta Letícia.
Para a dona da casa, o reencontro com sua casa foi de muita dor. Apesar de já imaginar o que a esperava, a realidade diante dos olhos é devastadora. “É desesperador, tu encontrar tua casa nessas condições. Já chorei tudo o que tinha pra chorar e agora temos que recomeçar. Mas é difícil saber por onde começar”, acrescenta.
Mais contido, Osiel também sente a dor por todas as perdas. “Essa porta, nós instalamos na quarta-feira (1º), pagamos R$ 1.500,00, e na sexta (3) tivemos que sair de casa. Vou colocar ela no sol pra secar e tentar recuperar”, conta.
Nos quartos, a entrada é difícil por conta dos colchões e armários caídos. Ainda assim, em cada canto, coberto por lama, está um objeto com valor sentimental para toda a família, que ainda conta com Ítalo Goes, de 17 anos. Passando pelo banheiro, a última peça da casa costumava ser um local para guardar brinquedos, bicicletas e outros objetos. Hoje, tudo aquilo virou lixo.
E por toda a casa, a cor marrom é a que predomina. Pelas paredes e pelo teto, a água pinga e a lama reflete as consequências deste episódio que deixou marcas em todo o Estado.