REALEZA 2024

CARNAVAL: Conheça a corte de Novo Hamburgo, que celebra a diversidade

Escolha foi realizada neste domingo (04), na quadra da Sociedade Cruzeiro do Sul

Publicado em: 05/02/2024 19:04
Última atualização: 05/02/2024 19:04

A escolha da corte do carnaval de Novo Hamburgo ocorreu na noite de domingo (04), na quadra da Sociedade Cruzeiro do Sul. Foram escolhidos para a corte a rainha Sandyelle Oliveira, o rei Júnior Lima, a primeira princesa, Sabrina Antunes e segunda princesa, Isis Bragança. 

Corte do Carnaval de Novo HamburgoGabriela Braga/Secult
Isis, Sandyelle, Carioca e Sabrina na corte hamburguenseGabriela Braga/Secult
Segunda Princesa e Rei do CarnavalGiordanna Vallejos/GES-Especial

Neste ano, puderam concorrer pessoas de outros municípios, assim como mulheres sem limite de idade, independente de terem filhos ou serem casadas. Além disso, houve a substituição do termo “Rei Momo” para “Rei do Carnaval”.

O secretário de Cultura, Ralfe Cardoso, destaca que a mudança do nome “Rei Momo” para “Rei do Carnaval”, foi uma escolha visando ampliar as inscrições. “Erroneamente, era imaginado um estereótipo e muitos candidatos deixavam de participar, assim, neste ano, tivemos mais adesão. Também voltamos com o desfile de fantasias e a escolha da “Melhor Torcida”.

A agenda da corte do Carnaval de Novo Hamburgo tem dois eventos oficiais: a participação no Hamburgo Velho Folia, no dia 11, e no desfile, dia 17 de fevereiro. A medição para confecção das roupas ocorre no final desta semana.

Rainha do Carnaval, Sandyelle Oliveira

Novo Hamburgo recebeu uma nova soberana para liderar os festejos carnavalescos deste ano. Sandyelle Oliveira, uma jovem de 19 anos, natural da Restinga, Porto Alegre, e que trabalha na área de telemarketing, assume o posto de Rainha do Carnaval, trazendo consigo uma história de amor pela festa que começou aos 4 anos de idade.


Sandyelle Oliveira é a rainha do carnaval de Novo Hamburgo 2024 Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Com uma trajetória marcada por superações e experiências inesquecíveis, Sandyelle compartilhou conosco sua jornada até o trono, revelando seu vínculo com as escolas de samba desde a infância. "Sempre tive vergonha, mas assistindo aos ensaios, imaginava-me no lugar das mulheres que se apresentavam", conta a agora Rainha do Carnaval de Novo Hamburgo.

"Minha primeira experiência com concurso foi aos olhos de uma escola de samba da Zona Sul de Porto Alegre, onde me tornei rainha. A segunda foi no Carnaval de Porto Alegre 2023. Sou grata a Deus por ter me permitido realizar meu sonho de infância. Foi um momento incrível", expressa com emoção, lembrando da importância de cada passo na sua jornada.

Primeira princesa, Sabrina Antunes

Sabrina é moradora de São Leopoldo, tem 28 anos e é estudante de direito. “O Carnaval é o que traz alegria para minha vida o ano inteiro. É a cultura que tanto me representa e acolhe. Além dos ensaios e trabalhos no ateliê, nossa escola fica de portas abertas com projetos sociais. O carnaval vai muito além do samba, é um compromisso social. Quero representar o carnaval com todo amor e gratidão que tenho por essa cultura”, disse ela.


Sabrina Antunes é a primeira princesa do carnaval de Novo Hamburgo 2024 Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Ela é solteira, sem filhos e quando não está envolvida com o samba, ela gosta dança, musculação e leitura. “Sou complemente apaixonada pelo carnaval, mas não nasci em berço de samba, eu busquei o carnaval para minha vida, iniciei em 2018 como musa da Harmonia na escola acadêmicos Verde e Rosa em São Leopoldo”, conta a princesa.

A princesa também foi a rainha da escola Protegidos da Princesa Isabel, na qual representou a escola no carnaval de Porto Alegre. “Minha alegria de viver é o samba e o carnaval, e certamente o título de Primeira Princesa do Carnaval de Novo Hamburgo vem coroar este sentimento como forma de amor e gratidão por essa cultura, que mudou a minha vida e tanto me acolheu”, conclui ela.

Segunda princesa, Isis Bragança

Isis Bragança, tem 21 anos, é empreendedora e moradora de Estância Velha. “A minha trajetória no carnaval começou aos quatro anos quando ia nos desfiles nas escolas de samba. Fui rainha da escola de bateria da escola Asas da Liberdade. Na Protegidos fui a primeira passista trans da escola. Esse ano conquistei o reconhecimento de visibilidade trans no Estado. Sou a primeira mulher trans a participar do concurso da corte do Carnaval de Novo Hamburgo e a conquistar um título”, destaca.


Isis Bragança é a segunda princesa do carnaval de Novo Hamburgo 2024 Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Para ela, o carnaval representa vida, visibilidade e felicidade. E a ser a primeira mulher trans a participar e ganhar um título é uma maneira de abrir portas para as próximas. “Alguém tem que bater de frente para conquistar um espaço. Precisamos sempre exaltar quem antes já batalhou, que alguém no passado talvez tentou participar e não pode. A Isis fora do carnaval é esposa, empresária, eu trabalho com um ateliê de fantasias para o carnaval, então o ano todo estou conectada com a festa”, conclui ela.

Rei do Carnaval, Júnior Lima

Júnior Lima, tem 33 anos, é morador de Porto Alegre, Carioca e instrutor de samba no pé e produtor de eventos. A trajetória dele com o carnaval iniciou no Rio de Janeiro. “No Rio, tinha o sambódromo e eu assistia o carnaval do valão, só para ver os carros passando. Não tínhamos condições de assistir na época. E hoje desfilo e sou rei do Carnaval de Novo Hamburgo”, disse ele, emocionado.


Júnior Lima, o Carioca, é eleito rei do carnaval de Novo Hamburgo 2024 Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O Rei do Carnaval começou na escola de samba Beija-flor, passando pela Portela e Império Serrando. Ele veio para o Rio Grande do Sul para realizar um mestrado em Políticas Públicas na UFRGS. Atualmente, ele é solteiro e seu passatempo é ler e fazer pesquisa acadêmica sobre os movimentos políticos e sociais.

Sobre a questão da diversidade da corte deste ano, Júnior diz: “Nossos passos vêm de longe, não foi ontem, ou hoje, que conseguimos esses direitos. Muitas pessoas antes lutaram para que um homem negro, gay, umbandista, ocupasse esse espaço com uma mulher trans numa Corte de Carnaval”.


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