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Risco de dengue

Bueiros entupidos levam esgoto para dentro da casa de moradores do bairro Santo Afonso

Chuvas dos últimos dias levaram o esgoto a transbordar e invadir pelo menos duas residências no bairro

Dário Gonçalves
Publicado em: 16/02/2024 às 19h:37 Última atualização: 16/02/2024 às 19h:38
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Desde a última terça-feira (13) a família da auxiliar de limpeza Magali Joice da Silva, 41 anos, luta contra condições insalubres devido ao esgoto que invade o pátio onde estão localizadas a casa dela e de sua mãe, Irene Puhl, 70. Tudo começou após a chuva que chegou à cidade naquele dia. Com os bueiros do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, entupidos, o esgoto fluvial começou a vazar para dentro do pátio onde estão as duas casas.

Moradores precisam enfrentar o esgoto até a canela para chegar em casa | abc+



Moradores precisam enfrentar o esgoto até a canela para chegar em casa

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Ao procurar o governo municipal em busca de uma solução, Magali diz ter encontrado pouca ajuda. “Estou com a casa cheia de água, com fezes e ninguém faz nada, a Prefeitura não consegue resolver nada”, relata ela com indignação. Na residência da mãe de Magali, uma senhora idosa que vive sozinha e está com um braço quebrado, a água infectada subiu antes. “Eu preciso de um andador para me locomover e só posso contar com um braço para isso. O banheiro está com água do esgoto e acabo escorregando pra tomar banho. Não há condições nem de fazer as necessidades. Uma pessoa da minha idade não deveria passar por isso”, relata emocionada.

Já na casa de Magali, onde ela vive com o marido, Sidnei de Moraes, 42, e a filha Gabriele, de 10 anos, a situação se agravou mais nesta sexta (16). Mas os primeiros pedidos e protocolos junto ao governo municipal foram feitos ainda no começo da semana. “As redes de esgoto fluvial estão todas entupidas, abri protocolo na semana de Carnaval porque a rede de esgoto entrou no meu pátio”, relembra Magali.



Prazo indefinido e dengue como preocupação

Para tentar minimizar o problema ela chegou a alugar equipamentos para bombear a água de esgoto que invadiu a casa. “Durante dois dias alugamos uma bomba para retirar a água do pátio, pois ali se proliferam ratos e mosquitos”, explica, lembrando que o aluguel custa mais de R$ 100,00 por dia.

Enquanto isso, a orientação da gestão municipal era que a mesma aguardasse até a próxima terça-feira (20), para quando está prevista a visita do caminhão responsável por desentupir a rede de esgoto. Contudo o problema voltou com a chuva que chegou a cidade nesta sexta. “Mandaram eu esperar, hoje (16) choveu, inundou o meu pátio e a casa da minha mãe com água do esgoto que voltou para dentro do pátio com fezes. Liguei de novo com os protocolos que tinha e ninguém resolvia”, relata.



Sem resposta e com um novo alagamento em casa, a auxiliar de cozinha tentou resolver o problema pessoalmente. Embora diga ter sido bem atendida pelos funcionários da Prefeitura quando foi ao local, a solução não chegou.

Uma equipe chegou a ser encaminhada para o local. “Consegui falar com uma pessoa que mandou um caminhão da Comusa emprestado para cá, porque a prefeitura não tem, a Comusa veio aqui mas não consegue desentupir”, conta.

Orientada mais uma vez a aguardar dentro dos prazos estipulados, Magali ainda convive com a invasão da água proveniente do esgoto em seu pátio e invadindo sua casa e a residência de sua mãe. Não bastasse tudo isso, ainda há o risco e o medo de contrair dengue. Na água acumulada no pátio, é possível ver incontáveis mosquitos “fazendo a festa”. “Toda hora passa carro de som e pessoas orientando para não deixar água acumulada por conta do risco de proliferação do Aedes aegypti, mas agora estamos nesta situação”, conclui.

Inédito

A convivência com alagamentos frequentes é uma constante na vida dos moradores do Santo Afonso. O bairro costuma ser um dos mais atingidos da cidade quando há chuvas mais fortes.

Mesmo assim, Magali garante que esta é a primeira vez que precisa lidar com uma situação tão insalubre. “Minha mãe e eu temos o terreno com o nível abaixo da rua, sempre acontece de alagar a rua, agora esse vazamento de esgoto é a primeira vez e moro aqui cerca de 10 anos, enquanto minha mãe há mais de 20”.



Procurada, a Prefeitura de Novo Hamburgo não respondeu até o fechamento desta reportagem.

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