O megaempreendimento que o Grupo Zaffari está começando a tirar da prancheta em Novo Hamburgo coleciona idas e vindas desde 1980. Não por acaso, o início da preparação do terreno localizado às margens da BR-116, no bairro Primavera, tem chamado atenção de quem passa pela região.
Foto: Vandré Brancão/GES-Especial
A infraestrutura da primeira fase do bairro planejado Boulevard Germânia deve começar a ser construída até a virada do ano. Segundo o Grupo Zaffari, esta primeira etapa de trabalho no futuro bairro-cidade prevê a implantação do escritório de obras, de cercas internas e a movimentação de terra.
A companhia informa que também está dando início ao controle ambiental necessário para o andamento das obras. As empresas que farão a construção da infraestrutura serão definidas até novembro, quando aí sim começam as obras. A primeira fase terá cerca de 1,2 mil lotes, onde poderão morar até 25 mil pessoas.
Parque Residencial Panorâmico
A área onde ficará o bilionário bairro-cidade do Grupo Zaffari é o último vazio urbano de Novo Hamburgo. Seu uso foi assunto na cidade pela primeira vez em no início de 1980, quando começou a tramitar na Prefeitura e na Metroplan o projeto do chamado Parque Residencial Panorâmico.
A área de 285 hectares do bairro Primavera pertencia ao Montepio da Família Militar (MFM). Em 1981 a Metroplan aprovou a execução do projeto, que previa 4,7 mil lotes residenciais, comerciais e industriais. No entanto, logo o MFM faliu e o Parque Residencial Panorâmico voltou à estaca zero. A Prefeitura chegou a discutir a construção de moradias populares em parte da área, mas o projeto não prosperou.
Em 1988 uma empresa chamada Samas S.A. arrematou a área e, juntamente com a construtora Mendes Júnior, anunciou o que seria o maior projeto imobiliário do Rio Grande do Sul. Os 285 hectares seriam divididos da seguinte forma: 40% para uso industrial, 10% para construção de condomínio fechado, 30% para moradias de médio padrão e 20% para moradias populares.
Foto: Arquivo/GES
Grupo Zaffari arremata a área em Novo Hamburgo
Um ano depois, novo revés no projeto. Pesquisa de Nanci Begnini Giugno sobre grandes empreendimentos urbanos na Região Metropolitana conta que o leilão da liquidação do Montepio não foi homologado pela Justiça, que promoveu novo leilão.
Em fevereiro de 1990, a empresa Bourbon Administração, Comércio e Empreendimentos Ltda arremata a área de 285 hectares em Novo Hamburgo, assumindo direitos e deveres de implantação do Parque Residencial Panorâmico.
Ainda em 1990 o Jornal NH contou que o plano do Grupo Zaffari era construir, em uma área de 83 hectares, um hipermercado com shopping center, hotel, conjunto empresarial, centro de convenções e centro cultural. O acesso principal seria pela Avenida 7 de Setembro, que na época ainda não contava com o atual viaduto no entroncamento com a BR-116.
Diante do agitado cenário político e econômico da primeira metade dos anos 90, mais uma vez o projeto é congelado. Em 1995 – quando o real já era a moeda oficial do País, por exemplo – o Grupo Zaffari volta à Prefeitura e à Metroplan para revalidar o projeto. No mesmo ano a fase 1 é aprovada, mas não sai do papel.
Foto: Arquivo/GES
Projeto volta em 2002
O assunto volta à pauta em 2002, quando passa a ser chamado de Boulevard Germânia e ganha o conceito de bairro-cidade. Novo processo de atualização do projeto começa a tramitar em agosto daquele ano, substituindo o mais recente, que era de 1997. Vinte e um anos depois, neste setembro de 2023, enfim o terreno começa a receber os primeiros sinais de obras.
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