Três estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental no Bairro Santo Afonso desenvolveram um aplicativo que alerta professores, alunos e autoridades sobre um possível ataque.
A ideia surgiu depois de episódios como o massacre em uma escola de São Paulo, que vitimou uma professora e deixou quatro pessoas feridas em março deste ano.
O B-A-V (botão de alerta vermelho) funciona através do celular. Ao apertar o botão de pânico, o dispositivo emite som e aciona luzes piscantes de alto brilho instaladas nas salas de aula.
Também envia automaticamente uma mensagem para o celular de um policial parceiro, permitindo o rápido deslocamento para a instituição, já que a localização é enviada junto com o SMS.
São dois botões: um de pânico, para o alerta em sala de aula; e o outro, com mensagem para autoridades oficiais. O sistema funciona através de bluetooth e não necessita de Internet para utilização.
Projeto
As alunas do 9ª ano do ensino fundamental Erika Yasmin da Silva Schmitz, Giovanna Dias Marinovic e Marina dos Anjos, tiveram a iniciativa pensando na evasão escolar, já que muitos ficaram assustados depois dos episódios de ataque em escolas, inclusive as famílias.
“A gente sentou para discutir a ideia e montar um roteiro de como íamos desenvolver, com o objetivo de fazer um alerta geral na instituição. Elas tiveram a ideia de fazer esse dispositivo para alertar os professores e demais profissionais que a escola pudesse estar sofrendo uma invasão”, explica Jair Müller, que é professor e incentiva a área da pesquisa na escola.
Dispositivo permite usos além da escola
Para Marina, o início do trabalho foi difícil, pois precisavam entender o projeto. “Eu nunca tinha feito algo assim. Cheguei a ter robótica no 4º ano, mas somente o básico. Aos poucos, fomos tendo mais confiança e conseguindo desenvolver com a ajuda do nosso orientador”, relembra a estudante.
Giovanna comenta que o dispositivo pode ser útil em outras instituições, como creches e asilos. “Gostei do resultado que tivemos. Espero que dê certo”, estima, já pensando na utilização que ele pode ter.
De acordo com a orientadora e professora da Escola Santo Afonso, Liliana Silveira Lopes, o próximo passo é iniciar as instalações do alarme nas nove salas de aula da instituição. “É uma forma de nos sentirmos mais seguros, principalmente depois dos episódios que vieram à tona no início deste ano”, diz.
Além disso, um formulário foi desenvolvido, a fim de colher depoimentos e saber a visão do corpo escolar a respeito de como se sentem seguros com o dispositivo instalado nas salas de aula.
“Como resultado de nossa pesquisa, observamos que os alunos estão mais tranquilos pelo fato de que a instituição está dispondo de um sistema novo que alertará caso ocorra uma invasão”, afirma Müller.
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Premiação
Nos dias 14 e 15 de setembro, as alunas participaram da 16ª Mostraclak, em Estância Velha, e foram premiadas em 2º lugar com o desenvolvimento do aplicativo B-A-V, de 33 escolas participantes. Marina conta que ficou nervosa durante a apresentação, mas ter recebido o apoio dos amigos e da mãe foi essencial. “Ver os colegas apoiando a gente, torcendo, foi muito legal”.
Para Liliana, a participação das estudantes na pesquisa fez com que outros alunos se interessassem. “Isso incentiva a termos jovens pesquisadores. É um orgulho para a nossa escola. Nossos alunos ficaram incentivados a participar, e já temos lista de interessados para o ano que vem”, afirma.