DANÇA COMO PROJETO DE VIDA

Bailarina de Novo Hamburgo se dedica a levar dança para a comunidade do bairro São Jorge

Há mais de uma década, Sabrina Vanessa Carvalho Soares mantém o trabalho cultural em seu bairro de origem

Publicado em: 29/06/2023 15:57
Última atualização: 03/06/2024 16:14

Ela tinha apenas quatro anos de idade quando deu os primeiros passos em estúdio de dança. Com o passar dos anos as aulas foram ganhando cada dia mais importância até que em 2007 Sabrina Vanessa Carvalho Soares transformou definitivamente arte em profissão. Com apenas 18 anos ela iniciou no bairro São Jorge, em Novo Hamburgo, sua escola de dança que hoje atende a cerca de 100 alunos.

Alunas da escola Pilé Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

As aulas começaram ainda mais cedo, quando ela ainda era adolescente e começou a ensinar no antigo projeto Escola Aberta. Quando se aproximava da idade de escolher a profissão, Sabrina não teve dúvidas. “A dança sempre foi um projeto de vida”, resume ela ao falar sobre o papel que a arte descoberta ainda na infância tem em sua vida.

Durante mais de uma década de escola, Sabrina diz ter visto grandes mudanças com os alunos. “São vidas transformadas através da arte”, resume Sabrina, que destaca o desafio de manter uma escola de dança em um bairro.

Mas a simples presença da escola no bairro São Jorge foi capaz de promover uma mudança ainda mais profunda. “Meu objetivo sempre foi dar a oportunidade às crianças e moradores do bairro esse acesso à cultura. A gente vê hoje os vizinhos indo nas apresentações”, resume Sabrina.

Professora da mãe

No primeiro ano da Plié no bairro, Sabrina conseguiu um espaço alugado, mas o custeio ficou pesado e no ano seguinte ela contou com a ajuda dos pais para manter o sonho vivo. A antiga garagem se tornou um estúdio de dança, que foi se ampliando para outras peças da residência.

“Sempre agradeço aos meus pais, porque me deram muito apoio para realizar esse sonho”, relata Sabrina, filha da guarda municipal aposentada Sandra Regina Carvalho Soares, de 53 anos. O sonho de Sabrina deixou de ser individual e se transformou assim em um projeto familiar.

Mesmo com as dificuldades financeiras para manter os caros estudos, foi preciso começar cedo. Ainda adolescente, Sabrina se dedicou inicialmente para o magistério, uma forma de unificar a pedagogia necessária para ministrar aulas de dança.

Sandra Regina conta que precisou esclarecer para a filha a necessidade de que a mesma trabalhasse para seguir o sonho. As aulas no antigo projeto Escola Aberta renderam a Sabrina o dinheiro para seguir estudando. “Tudo que ela ganhava ia para a dança”, lembra Sandra.

E foi dentro de casa que Sabrina encontrou uma aluna dedicada, a própria mãe que junto com a filha pode realizar um sonho antigo. “Amo dançar e cheguei a sonhar em ser bailarina”, conta Sandra.

Reconstrução

Contando com alunos pagantes e bolsistas, Sabrina se orgulha de conseguir levar a dança para a comunidade onde cresceu. “Quem entra aqui com o olhar profissional leva muito a sério, meus alunos falam em ser professores”, conta lembrando de alguns que já atuam profissionalmente fora de Novo Hamburgo.

Na escola, além dos alunos pagantes há também os bolsistas, e já é possível contar histórias de pessoas que fizeram da dança sua vida.

E junto dos que sonham em ser profissionais há ainda o grupo de quem transformou a dança em um hobby importante para a vida. “Para muitas mulheres que vêm para cá é uma terapia, elas não estão trabalhando para serem profissionais, mas são muito dedicadas, a dança tem um papel fundamental na vida delas”

A passagem do ciclone extratropical em Novo Hamburgo trouxe um novo desafio para Sabrina, já que parte do estúdio onde ela ensina dança foi danificado pelas águas. Agora, ela começa o processo de reconstrução junto com os estudantes.

Apresentação

Na próxima segunda-feira (2), Sabrina e suas alunas vão ocupar o palco do Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno na atividade de encerramento do semestre. A apresentação começa às 19 horas e os ingressos podem ser adquiridos na própria escola Pilé.

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