ONCOLOGIA
Aumenta pressão para que tratamento contra câncer pelo SUS volte a ser em Novo Hamburgo
Liga Feminina de Combate ao Câncer cobrou poder público na Câmara de Vereadores; saiba mais
Última atualização: 07/03/2024 15:51
O plenário da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo ficou lotado de pessoas vestidas de rosa na sessão de quarta-feira (10). Com a presença da Liga Feminina de Combate ao Câncer (LFCC), Legislativo e Executivo foram cobrados para terem uma postura mais ativa na busca pela retomada do atendimento oncológico na cidade.
Na tribuna da Casa, a presidente da entidade, Regina Dau, reclamou do fim do atendimento aos pacientes com câncer em hospital da cidade. Em abril do ano passado, os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) deixaram de ser realizados no Hospital Regina e foram transferidos para o hospital de Taquara.
Desde então, os pacientes oncológicos de Novo Hamburgo viajam até a cidade do Vale do Paranhana para serem atendidos no Hospital Bom Jesus. Regina aproveitou o momento na tribuna para tecer duras críticas ao governo municipal. "Isso é triste e um retrocesso na saúde pública de Novo Hamburgo", afirmou.
Além de Regina, a tribuna também foi ocupada por Tarcísio Schöll, 79 anos. Paciente oncológico desde 2018, ele precisou tratar um câncer de próstata e agora luta contra um tumor na garganta. "É vergonhoso, temos três hospitais com potencial bem grande para atender a oncologia aqui no município, mas perdemos por causa da administração pública", classificou. "O nosso transporte não é ruim, mas a demora nos castiga bastante", afirmou na tribuna. O tema tem sido alvo de reclamações constantes por parte dos usuários.Foi através da Comissão de Direitos Humanos que a Liga foi convidada para participar da sessão. O vereador Enio Brizola (PT), que preside a comissão, fez coro ao grupo. "São necessários mais carros à disposição para que não dure nove/dez horas a viagem até Taquara."
Líder do governo na Câmara, o vereador Ricardo Ritter (PSDB), o Ica, usou o microfone para defender o governo, mas também se solidarizou com os pacientes. "A prefeita (Fatima Daudt) quer fazer a oncologia SUS funcionar aqui novamente. Provavelmente não será ela que conseguirá colocá-la em funcionalmente. O próximo que assumir terá, ao menos, um prédio que estará adequado a receber as pessoas", afirmou, citando o Anexo 2 do Hospital Municipal de Novo Hamburgo.
Vereadores divergem
Vereadores se dividiram ao avaliar o problema. Para Ica não há como prever qualquer melhoria ou mudança de curto prazo. "Não temos muito o que mudar nesse momento, o ritmo exige essa paciência. Dependemos da construção do Anexo 2 para a instalação da oncologia", afirma. Ica diz que pode se pensar uma ação da Câmara para cobrar "do governador uma participação maior do Estado."
Já Brizola analisa como uma possibilidade mais concreta a pressão a ser feita tanto na Secretaria Estadual da Saúde (SES) quanto junto ao governo federal. "Levaremos essa pauta para a Secretaria, mas também já estamos em tratativas com a Liga e com os representantes da bancada gaúcha para uma agenda no Ministério da Saúde no final do mês", diz ele.
Brizola adianta ainda que irá pressionar o governo municipal para "melhorar a qualidade do transporte". Ica se comprometeu a tentar junto à Prefeitura uma melhoria, mas não deu garantias aos presentes.
Posição da Prefeitura
A principal aposta para a retomada do atendimento oncológico no município é a conclusão e habilitação do Anexo 2 do Hospital Municipal. A previsão é que ele esteja concluído em 2025. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) destaca que a responsabilidade por referenciar o atendimento oncológico cabe ao Ministério da Saúde. "O município segue realizando a construção do Anexo 2 junto ao Hospital Municipal, obra que possibilitará retomar o atendimento oncológico 100% SUS na cidade. O Anexo 2, que é a maior ampliação da história do Hospital Municipal, servirá como suporte para o atendimento oncológico na instituição", afirma o órgão.
Em relação ao transporte feito até Taquara, a SMS defende o modelo atual e não apontou que esteja sendo feita qualquer estudo para melhoria do mesmo. "A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que disponibiliza o transporte para pacientes oncológicos, que são buscados e deixados na porta de suas casas, tanto para exames quanto para consultas."
Estratégia é pressionar
"O que queríamos nós atingimos, que era fazer o poder público pensar de novo no assunto, porque um ano depois da perda da referência, não foi feito mais nada." Ao final da sessão, ela avaliou que os resultados ainda não devem chegar, mas garantiu que o tema seguirá em pauta.
"Saímos daqui sabendo que vamos continuar na luta, precisamos da união de todos. O nosso sentimento é que a luta continua, mas vai ser árdua e difícil."
Mesmo passado mais de um ano desde a mudança de endereço, a presidente da Liga reafirma que faltou mais ação do poder público para evitar a perda da referência em atendimento.
"Se tivéssemos conseguido, ano passado, trancar essa posição e negociar, não tínhamos perdido a inscrição como hospital oncológico SUS, isso agora tem que ser começado do zero. Todos os problemas que estamos tendo, nós dissemos antes que aconteceriam", critica.