Com a presença de aproximadamente 200 adolescentes que integram o projeto Núcleo de Orquestras Jovens de Novo Hamburgo, a música erudita, mais uma vez, cativou o público na Praça do Imigrante. A apresentação inédita, realizada neste sábado (16), reuniu estudantes de todas as orquestras do projeto voltado que acontece na rede municipal de ensino de Novo Hamburgo. A apresentação integra a programação do Natal dos Sinos.
Há apenas um ano no projeto, a estudante do quinto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Eugênio Nelson Ritzel, Marina Alves Ferreira, 11 anos, mostrava um semblante profundamente concentrado a cada nota que tocava no violoncelo. Ao final a apresentação, ela finalmente demonstrava estar mais relaxada e com sorriso aberto.
“É incrível fazer isso”, resume ela falando não apenas sobre a apresentação, mas destacando todo o envolvimento dela com o projeto. Sem qualquer envolvimento com música clássica antes do começo das aulas, Marina hoje tem um contato muito mais próximo com essa forma de arte.
“Depois que eu comecei a tocar que fui me envolver com esse tipo de música”, conta Marina, que também relata um encantamento imediato desde a primeira vez que ouviu o convite para ingressar na orquestra. “Me encantei da primeira vez que eu vi, gostei do som”, lembra ela ao falar porque a escolha pelo violoncelo.
Marina demonstra uma gratidão ao instrumento como este representasse uma pessoa. “Ele que me deu a oportunidade de aprender alguma coisa”, resume ela que pretende seguir no projeto no próximo ano.
Vidas transformadas
Regente do projeto, Leandro Sudbrack destaca o poder de transformação que o Núcleo de Orquestras Jovens está tendo tanto na vida dos participantes e de suas famílias. “Os alunos aprendendo seus instrumentos, o pai acaba tendo um contato com o que o filho está estudando, ele também vai começando a entender como funciona o universo da música erudita”, explica.
Ao ver, mais uma vez, um grande público acompanhando a apresentação, Sudbrack lembra como o Núcleo também tem a capacidade de apresentar a arte à população. “Vai abrindo o campo para o conhecimento. Então isso tudo é um processo transformador, claro que no início muito lento, mas que com certeza vai mudar a vida não só dos estudantes, mas também das famílias e da comunidade em geral.”
Secretário municipal de Cultura, Ralfe Cardoso, aponta que o fato de que o projeto acontece de forma descentralizada é fundamental para criar um público consumidor de música erudita. “Ele está levando música instrumental para todos os bairros da cidade, em lugares em que isso não é tão comum e isso faz com que a cidade inteira participe.”
Sem ensaios
Embora todos os integrantes já tivessem tocado outras vezes, neste sábado pela primeira vez um grupo tão grande se encontrou para fazer música, já que nas apresentações anteriores eram de no máximo 70 instrumentistas. “A gente juntou esses quatro grupos em um só, fazendo inédito, sem ensaio”, conta Sudbrack.
Presente na apresentação, a prefeita Fatima Daudt ressaltou a presença de alguns dos estudantes que participam desde o início do projeto. “A gente vê alguns deles que estão desde o início do projeto, que eram menores, porque eles crescem muito rápido nessa época e vê que eles estão crescendo e ficando cada vez melhores.”
O regente do Núcleo lembra que a participação é algo que os participantes levarão para a vida inteira. “Ter a experiência de tocar numa orquestra, de poder um dia dizer para o seu neto, para o seu filho, eu participei de uma orquestra, eu tive a chance de estudar um instrumento, isso não tem preço”, resume.
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