93 ANOS DO REGINA
Aos 96 anos, dona Olívia lembra como era a profissão de parteira
Idosa foi uma das primeiras parteiras de hospital de Novo Hamburgo. Ela fez o primeiro parto aos 18 anos
Última atualização: 25/01/2024 08:55
As mãos que já embalaram tantos bebês seguravam firme a foto de meados de 1940. Enquanto se via tão jovem ao lado de Irmã Maria Cleófa von Bastian Brzezinski e da enfermeira Anna, Olívia Weber, 96 anos, parecia recriar um filme na memória. O olhar atento à imagem rendeu sorrisos ao se lembrar das histórias ao lado das companheiras de trabalho na Maternidade. Dona Olívia foi uma das primeiras parteiras do Hospital Regina.
O trabalho de Olívia faz parte da história da instituição que completa 93 anos de fundação nesta sexta-feira (24).Natural de Venâncio Aires, Olívia veio para Novo Hamburgo em 1943. Começou a trabalhar no hospital aos 17 anos, auxiliando o serviço na cozinha. Mas a vocação era outra. “Irmã Cleófa, que era da sala de cirurgia, falou com a Irmã Afonsa, chefe da cozinha, me olhando e eu de longe pensando: ‘será que é para eu ajudar lá em cima?’ Dito e feito, ela me chamou para ajudar na sala de parto por um tempo. No dia que eu fiz 18 anos, ela me pediu de novo. Bateu nas minhas costas e falou: ‘minha filha, agora, tu é minha, tu vai trabalhar comigo’”, lembra, com uma risada.
Olívia conta que auxiliava na ronda, apoiando a triagem e atendimento de pacientes. “Depois eu saí dessa sala e fui ajudar a schwester Prisca (Irmã Prisca Motzki) na maternidade.”Olívia diz que estava apreensiva quando se deparou com a chance de realizar o primeiro parto, mas foi sem receio, aos 18 anos. “A dona Paulina (parteira Paulina Bauer) estava na sala de parto com uma gestante e a outra estava no quarto. Era o quarto 42, lembro como se fosse hoje. A mulher me chamou ali e disse: ‘olha o neni, vem vindo, cadê a dona Paulina?’ Eu disse: ‘está na sala, atendendo um parto.’ O nenê já estava pronto, a luz estava acesa, daí eu disse: ‘então chega pra lá para eu ver.’ Pensei: uma sai, a outra entra. Aí ela gritou: ‘Olívia, ligeiro que vem vindo.’ Eu já tinha olhado tudo na cama então respondi: ‘vamos botar esse nenê no mundo.’
Cem nascimentos em um mês
Foram tantas histórias e bebês recebidos, que Olívia conta que chegou a atender a 100 partos em um mês. “E eu estava ‘solita’." Foram várias as noites em que a mulher – que completará 97 anos em março – deixou de dormir para atender mamãe e bebê. “Eu disse uma vez: ‘gurias, vou deitar no 36.’ Mal estava deitada e já ouvia: ‘Olívia tem outra gestante.’ Eu deixava a cama desarrumada para voltar depois e ia. Na volta pensava, agora chega, vou dormir. E chegava mais uma”, destaca.
Mas nem mesmo toda correria e cansaço tiravam a animação de dona Olívia e sua grata sensação de dever cumprido. Na opinião da parteira, era como renascer a cada novo bebê que trazia ao mundo. “O Regina é a minha casa. É como se eu tivesse nascido ali.”
Pano branco para avisar a hora do parto
Foram 19 anos na maternidade, sempre buscando inovar. Morando de frente à portaria principal do Hospital Regina, a parteira estreitava a comunicação com o atendimento do hospital em uma época sem Internet ou smartphones e que era urgente avisar que uma mulher estava em trabalho de parto.
“Muitas vezes a irmã botava um pano branco lá em cima, na sacada, quando não tinha tempo para avisar a gente. Eu sempre olhava, e quando via aquele pano sabia que tinha que ir pra lá”, relembra.
As mãos que já embalaram tantos bebês seguravam firme a foto de meados de 1940. Enquanto se via tão jovem ao lado de Irmã Maria Cleófa von Bastian Brzezinski e da enfermeira Anna, Olívia Weber, 96 anos, parecia recriar um filme na memória. O olhar atento à imagem rendeu sorrisos ao se lembrar das histórias ao lado das companheiras de trabalho na Maternidade. Dona Olívia foi uma das primeiras parteiras do Hospital Regina.
O trabalho de Olívia faz parte da história da instituição que completa 93 anos de fundação nesta sexta-feira (24).Natural de Venâncio Aires, Olívia veio para Novo Hamburgo em 1943. Começou a trabalhar no hospital aos 17 anos, auxiliando o serviço na cozinha. Mas a vocação era outra. “Irmã Cleófa, que era da sala de cirurgia, falou com a Irmã Afonsa, chefe da cozinha, me olhando e eu de longe pensando: ‘será que é para eu ajudar lá em cima?’ Dito e feito, ela me chamou para ajudar na sala de parto por um tempo. No dia que eu fiz 18 anos, ela me pediu de novo. Bateu nas minhas costas e falou: ‘minha filha, agora, tu é minha, tu vai trabalhar comigo’”, lembra, com uma risada.
Olívia conta que auxiliava na ronda, apoiando a triagem e atendimento de pacientes. “Depois eu saí dessa sala e fui ajudar a schwester Prisca (Irmã Prisca Motzki) na maternidade.”Olívia diz que estava apreensiva quando se deparou com a chance de realizar o primeiro parto, mas foi sem receio, aos 18 anos. “A dona Paulina (parteira Paulina Bauer) estava na sala de parto com uma gestante e a outra estava no quarto. Era o quarto 42, lembro como se fosse hoje. A mulher me chamou ali e disse: ‘olha o neni, vem vindo, cadê a dona Paulina?’ Eu disse: ‘está na sala, atendendo um parto.’ O nenê já estava pronto, a luz estava acesa, daí eu disse: ‘então chega pra lá para eu ver.’ Pensei: uma sai, a outra entra. Aí ela gritou: ‘Olívia, ligeiro que vem vindo.’ Eu já tinha olhado tudo na cama então respondi: ‘vamos botar esse nenê no mundo.’
Cem nascimentos em um mês
Foram tantas histórias e bebês recebidos, que Olívia conta que chegou a atender a 100 partos em um mês. “E eu estava ‘solita’." Foram várias as noites em que a mulher – que completará 97 anos em março – deixou de dormir para atender mamãe e bebê. “Eu disse uma vez: ‘gurias, vou deitar no 36.’ Mal estava deitada e já ouvia: ‘Olívia tem outra gestante.’ Eu deixava a cama desarrumada para voltar depois e ia. Na volta pensava, agora chega, vou dormir. E chegava mais uma”, destaca.
Mas nem mesmo toda correria e cansaço tiravam a animação de dona Olívia e sua grata sensação de dever cumprido. Na opinião da parteira, era como renascer a cada novo bebê que trazia ao mundo. “O Regina é a minha casa. É como se eu tivesse nascido ali.”
Pano branco para avisar a hora do parto
Foram 19 anos na maternidade, sempre buscando inovar. Morando de frente à portaria principal do Hospital Regina, a parteira estreitava a comunicação com o atendimento do hospital em uma época sem Internet ou smartphones e que era urgente avisar que uma mulher estava em trabalho de parto.
“Muitas vezes a irmã botava um pano branco lá em cima, na sacada, quando não tinha tempo para avisar a gente. Eu sempre olhava, e quando via aquele pano sabia que tinha que ir pra lá”, relembra.
O trabalho de Olívia faz parte da história da instituição que completa 93 anos de fundação nesta sexta-feira (24).Natural de Venâncio Aires, Olívia veio para Novo Hamburgo em 1943. Começou a trabalhar no hospital aos 17 anos, auxiliando o serviço na cozinha. Mas a vocação era outra. “Irmã Cleófa, que era da sala de cirurgia, falou com a Irmã Afonsa, chefe da cozinha, me olhando e eu de longe pensando: ‘será que é para eu ajudar lá em cima?’ Dito e feito, ela me chamou para ajudar na sala de parto por um tempo. No dia que eu fiz 18 anos, ela me pediu de novo. Bateu nas minhas costas e falou: ‘minha filha, agora, tu é minha, tu vai trabalhar comigo’”, lembra, com uma risada.