R$ 14 MILHÕES

Aeroclube de Novo Hamburgo pede apoio de empresários para asfaltar pista

Precariedade da pista limita volume de voos executivos no local

Publicado em: 31/07/2024 20:04
Última atualização: 31/07/2024 20:05

Asfaltar a pista do aeroclube e transformar Novo Hamburgo em uma referência para a aviação executiva. Essa é a proposta que a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI) vai apresentar para seus associados e lideranças empresariais da região.


Pista do Aeroclube de Novo Hamburgo é precária Foto: Igor Müller/GES-Especial/arquivo

Novo Hamburgo recebe de 30 a 50 voos executivos por mês, operações quer$ são realizadas em uma pista não pavimentada. Volume que poderia ser cinco vezes maior se a estrutura fosse asfaltada e com iluminação. “Temos um campo da aviação da década de 30”, afirma o presidente do Aeroclube Novo Hamburgo, Alceu Feijó Filho.

A ideia é captar R$ 14 milhões para asfaltar a pista de 1,2 mil metros de comprimento por 80 metros de largura, implantando um sistema de iluminação. Isso permitiria voos noturnos e a operação de aviões mais modernos e potentes.

Assim, surgiria o Aeroporto Regional Pedro Adams Neto, uma homenagem ao aviador que descobriu a área do bairro Canudos e, em 1947, fez um pouso no campo bruto. A proposta foi apresentada por Feijó Filho ao presidente da ACI, Robinson Klein, ao vice-presidente de Infraestrutura, Maicon Schaab, e ao diretor Fauston Saraiva.

Conforme Saraiva, a entidade vai apresentar o projeto para os empresários e acredita que é possível levantar, por meio da iniciativa privada, os recursos para a obra. Ele destaca que há um núcleo empresarial forte, com relações com investidores, localizado nos vales do Sinos, Paranhana e também na Serra. “A ACI sempre é favorável ao desenvolvimento econômico e existe esta demanda comercial”, afirma.

Enchente deixou evidente precariedade da pista

Feijó Filho explica que as condições precárias da pista ficaram mais evidentes durante a enchente. Muitos pousos e decolagens ocorreram no bairro Canudos, tanto de ajuda humanitária como de atendimentos médicos. Mas, ao mesmo tempo, demonstraram o potencial da área do aeroclube, pois o campo não alagou.

“O empresário lá do Centro do País mandava o avião dele trazer donativos e os pilotos passavam dificuldades aqui, pois a pista estava encharcada pela chuva, pois é de grama”, relata. “Daí o pessoal me dizia assim: ‘como é que uma região igual a essa não tem uma pista asfaltada ainda?’”, conta Feijó Filho.

“A gama de vantagens de ter o aeroporto aqui é enorme. Ainda tem o deslocamento médico que a área do aeroclube disponibiliza”, destaca Feijó Filho, lembrando que o deslocamento rápido para situações de saúde pode ser um divisor entre a vida e a morte.


Pista do Aeroclube de Novo Hamburgo Foto: Reprodução

Há demanda para voos executivos

O aeroclube é uma área privada, com 27,5 hectares, sendo dez deles ocupados pela pista e o restante com capacidade para receber outras estruturas.

Tanto Saraiva quanto Feijó Filho são unânimes em uma situação do mundo corporativo. Grandes investidores não enfrentam congestionamentos ou gastam tempo em deslocamentos rodoviárias, pois no mundo dos negócios tempo é dinheiro. Por isso, este perfil de empresário investe em voos executivos, que são rápidos e permitem cumprir vários compromissos em um mesmo dia.

Na região, inclusive, um empresário do setor coureiro-calçadista recentemente adquiriu um avião de R$ 50 milhões, veículo que não pode utilizar no momento por conta da situação do Salgado Filho.

RS não pode ficar refém de um aeroporto

Segundo Saraiva, o apoio da ACI ao projeto é mais um movimento da sociedade em prol da mobilidade, a exemplo da proposta do Aeroporto 20 de Setembro. No entanto, com enfoque voltado à viação executiva. “O Estado não pode ficar refém de um aeroporto”, declara.

Se a proposta receber apoiadores e os R$ 14 milhões forem captados, será preciso ter autorização para obra e licenciamento ambiental, além da autorização e a homologação da pista na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e dos equipamentos no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta).

Cheia prejudicou este tipo de voo

A cheia que devastou o Rio Grande do Sul deixou o Aeroporto Salgado Filho abaixo d’água, em Porto Alegre, provocando uma série de estragos que ainda não permite o espaço entrar em operação, sendo que o retorno está previsto somente para outubro.

Além de voos domésticos e comerciais, o Salgado Filho atende voos executivos e, inclusive, tem hangares onde os aviões particulares ficam estacionados. Mas com o episódio de maio, o serviço também ficou comprometido.

Quem foi Pedro Adams Neto

Pedro Adams Neto é neto de Pedro Adams Filho, que dá nome a uma das avenidas mais movimentadas de Novo Hamburgo. Antes do aeroclube existir, os aviadores participavam do antigo aeroclube do bairro Scharlau. Mas com a emancipação em 1927, o uso da área leopoldense passou a ser mais dificultado. Então, Pedrinho, como ficou conhecido, decidiu fazer um voo para descobrir alguma área no município para que um aeroclube fosse fundado na cidade.

Inicialmente, a ideia era utilizar uma área do bairro Rincão, mas que o aviador achou arriscado porque havia morros próximos. Voando mais adiante, deparou-se com o campo no bairro Canudos, onde pousou. “Ele até quebrou a rodinha do avião”, conta Feijó Filho. “Por isso, ele precisa ser homenageado, por ter sido o primeiro a pousar um avião naquela área”, conclui. Pedrinho faleceu em 2013.

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