PÓS-TRAGÉDIA

Ação de saúde mental é promovida em bairro de Novo Hamburgo onde aconteceu ataque a tiros que deixou cinco pessoas mortas

Equipe da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS NH) visitou bairro onde aconteceu tiroteio para oferecer apoio psicológico aos moradores

Publicado em: 01/11/2024 08:38
Última atualização: 01/11/2024 08:39

O ataque a tiros que aterrorizou moradores do bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo, completou uma semana. Além das vítimas do tiroteio, que foi iniciado por um homem em surto, a tragédia do dia 22 de outubro também abalou os vizinhos que moram próximo ao local.

Como forma de oferecer apoio psicológico, a Prefeitura de Novo Hamburgo, por meio Rede de Atenção Psicossocial (RAPS NH), promoveu uma ação de acolhimento em saúde mental, na quinta-feira (31), nos arredores da Rua Adolfo Jaeger.


Equipe da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS NH) visitou casas próximas ao local onde ocorreu tiroteio Foto: Laura Rolim/GES-Especial

O objetivo da iniciativa foi possibilitar os primeiros cuidados psicológicos e orientações sobre os serviços oferecidos pelo Município. A equipe, composta por psicólogos e assistentes sociais, realizou visitas às casas próximas ao local do tiroteio e conversou com moradores sobre como estão se sentindo depois do que viveram.

De acordo com o coordenador do Centro de Apoio Psicossocial Santo Afonso e representante do RAPS, Germano Bota, a iniciativa visa oferecer apoio a comunidade, oportunizando um espaço de fala, além de fazer o encaminhamento para aqueles que precisarem. “Os vizinhos foram muito afetados, principalmente psicologicamente, pois foi um fato muito grave. Por isso, nosso objetivo aqui é prestar esses cuidados psicológicos”, destaca.

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Um dos moradores que tem se sentido fragilizado após a tragédia é o cineasta Marlon Nunes, 53 anos, que reside próximo ao local onde ocorreu o ataque a tiros. Ele relata que precisou tapar a visão que tinha para a casa da família Crippa para tentar esquecer a noite de terror que viveu ao lado dos dois filhos, da sogra e da esposa.

“Eu não quero mais olhar para aquela casa. Eu estou acordando todo o dia de manhã com uma angústia grande sobre isso. E se tivesse acontecido alguma coisa comigo e com os meus filhos? Isso me traumatizou. Essa tragédia afetou também nós, os vizinhos, que temos que conviver com toda essa violência que não tínhamos em nosso bairro”, relata Nunes.

Eventos traumáticos podem afetar saúde mental, explica psicólogo

Psicólogo da Unidade de Saúde da Família (USF) Palmeira, Bruno Scan, que acompanhou a ação junto às casas, ressalta que eventos traumáticos vividos pela população, como a do ataque a tiros, têm repercussão na saúde mental da comunidade. “É muito comum que algumas pessoas acabem desenvolvendo sintomas do estresse pós-traumático. De se sentir estressado, às vezes ter sonhos desse evento traumático, se sentir triste, abatido. Algumas pessoas sentem medo de acontecer de novo e acabam ficando mais reclusas em casa”, explica.

Por isso, as equipes orientam que aqueles que estiverem precisando de apoio psicológico busquem as unidades básicas de saúde de referência, onde os profissionais farão a avaliação da saúde mental, além de encaminhamentos ambulatoriais ou para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do município. “Nessa visita de hoje vamos acelerar esse processo, porque se tiver alguma pessoa que precisar de ajuda, já vamos ser facilitadores desse encaminhamento”, ressalta.

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Além do atendimento feito na quinta, as equipes vão disponibilizar um grupo de acolhimento, que terá início no dia 6 de novembro, na UBS Liberdade, para atender às demandas emocionais da comunidade. "As pessoas que tiverem vontade de ter mais um momento para conversar e se abrir, teremos essa roda de conversa na semana que vem", convida Bota.

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