Com vasos de lírios da paz e um jardim de flores, a enfermeira Patrícia Rosa dos Santos e a consultora de vendas Edilene Silveira Sartori dão nome a duas placas instaladas no Jardim Para Sempre Elas, da Casa Lilás, no Igara. A ação para lembrar das duas vítimas de feminicídios ocorridas neste ano foi na tarde desta sexta-feira (29), dentro da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
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Foto: Nicole Goulart/Especial
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A ação é uma forma de lembrar duas mulheres fortes e alegres, como foi destacada pelas famílias. “Ela estava sempre feliz, sempre querendo falar de coisas boas”, afirma Ana Cristina Valença Dezordi, prima de Edilene.
“A minha irmã foi uma pessoa muito boa. Eu nunca vou conhecer alguém como ela. Eu sei que ela faria pelos outros o que faria para si mesma”, diz Bruna dos Santos, irmã mais nova de Patrícia.
Foto: Nicole Goulart/Especial
As placas foram instaladas no jardim em frente a casa. Além dos nomes, frases escolhidas pelas famílias foram gravadas para relembrar quem foram essas mulheres. “Ver ela ser homenageada é saber que ela vai continuar viva no coração de todo mundo”, ressalta Bruna.
“Ela merece ser homenageada porque sempre defendia os outros”, comenta Ana Cristina. Para Adê Valença, prima de Edilene, a iniciativa também deixa um recado. “As mulheres precisam se atentar mais a essa questão do sentimento de posse. Não pode confundir ciúmes, possessão, com amor.”
Foto: Nicole Goulart/Especial
O que diz as placas
Edilene Silveira Sartori – “Me tornei um mulherão quando descobri que não preciso de aprovação.”
Patrícia Rosa dos Santos – “Amar ao próximo é praticar o justiça, o amor, a caridade. Crie oportunidades e seja útil, se alguém te criticar porque fazer o bem ao teu irmão, lembra-te de Jesus que até ele foi incompreendido. Fazer o bem aos outros como quereriam que lhe fizessem.”
As placas estão instaladas no Jardim Para Sempre Elas, da Casa Lilás que leva o nome de Débora Machado – vítima de feminicídio em fevereiro de 2022.
Casos em evidência
Momento simples, mas simbólico. Assim, a secretária especial da Coordenadoria de Mulheres, Vani Piovesan, define a respeito da ação. A iniciativa, que ocorre dentro da campanha organizada pela pasta, busca manter os casos em evidência. “Que não tenhamos mais nenhuma Edilene nem Patrícia, que possamos caminhar juntos pela justiça” defende Vani.
Com esse intuito, a família de Patrícia e o vereador Cris Moraes (PV), presidente da Câmara Municipal de Canoas, estão engajados em recolher assinaturas para uma petição. O documento sugere agravamento da pena de feminicídio em casos em que o autor tem conhecimento/formação na área da saúde e o utilizou para cometer o crime.
“Temos que conseguir bastante assinatura para levar até o Congresso, onde a lei realmente pode ser alterada”, explica o vereador. Os interessados em apoiar a causa podem acessar o Instagram @justicapelapatricia.
Dois feminicídios em 2024
A enfermeira Patrícia Rosa dos Santos, 41 anos, foi assassinada pelo marido André Lorscheitter Baptista, 48 anos, no dia 22 de outubro. O homem dopou a vítima com medicação colocada no sorvete.
Os laudos ainda revelaram que o médico dosava medicação para induzir ataque cardíaco quando Patrícia estava dormindo. André segue preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) desde o dia 3 de novembro. Outras três pessoas foram indiciadas no caso.
LEIA MAIS: Médico suspeito de matar a esposa em Canoas é denunciado pelo MPRS; entenda
Dias depois de Patrícia ser assassinada, a consultora de eventos Edilene Silveira Sartori foi morta pelo ex-companheiro, que não teve o nome divulgado, no dia 1º de novembro. O homem executou golpes de faca e de anilha de ferro contra a vítima e depois a enterrou no pátio da residência. O ex-companheiro segue preso.
Os dois casos chocaram Canoas, que se aproximava da marca de dois anos sem feminicídio. Os crimes ainda não foram incluídos nos Indicadores da Violência Contra a Mulher, da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS), de acordo com consulta realizada nesta sexta-feira (29).
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Crimes contra a mulher | Janeiro – Outubro/2024
Ameaça: 709
Estupro: 69
Lesão corporal: 465
Feminicídio consumado: 0
Tentativa de feminicídio: 7
Confira a programação da campanha
Dia 30, 8 horas – Atendimentos especializados
Local: Centro de Referência da Saúde da Mulher – Rua Brasil, 438
Dia 3, 16 horas – Roda de conversa “Fortalecendo a rede de apoio e as estratégias para o enfrentamento da violência contra as mulheres”
Local: Centro de Acesso a Direitos Niterói – Rua Barão do Rio Branco, 91
Dia 4, 13 horas – Roda de conversa “Fortalecendo a Rede de Apoio e as Estratégias para o Enfrentamento da Violência contra as Mulheres”
Local: CAD Mathias Velho, reunindo também o CAD Rio Branco – Rua Santa Catarina esquina com a Rua Cruz Alta, 3060/3420
Dia 4, 14 horas – Roda de conversa Violência contra as mulheres na terceira idade
Local: Associação da Horta Comunitária União dos Operários – Rua 18 de Novembro, 400
Dia 5, 14 horas – Peça FraudiBank: prevenção de golpes e fraudes financeiras contra a mulher idosa
Local: Auditório Multicultural La Salle – Avenida Victor Barreto, 2288
Dia 5, 18 horas – Divulgação do Centro de Referência da Mulher (CRM) Patrícia Esber
Local: entrada Castelinho da Unilasalle
Dia 6, 9 horas – Roda de conversa “Fortalecendo a rede de apoio e as estratégias para o enfrentamento da violência contra as mulheres”
Local: CAD Guajuviras – Avenida Dezessete de Abril, 1110
Dia 10, 14 horas – Encerramento com apresentação do CRM e do Centro Regional de Abrigamento para Mulheres (CRAM)
Local: Auditório Bordo La Salle – Avenida Victor Barreto, 2288