MANIPULAÇÃO?

Vídeo de suposto resgate dos corpos de 47 idosos e 18 crianças em Canoas é analisado pela Polícia

Imagens publicadas durante o ápice da cheia que atingiu o bairro Mathias Velho mobilizou trabalho de investigação da Polícia Civil do RS

Publicado em: 27/06/2024 12:31
Última atualização: 27/06/2024 12:32

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês passado deixaram mais do que destruição e os prejuízos materiais. Há marcas profundas na população devido também ao número de vítimas.

Apuração em torno vídeo postado sobre resgates foi conduzida pela Polícia Civil Foto: PAULO PIRES/GES

Foram 178 mortes no Estado, conforme o último levantamento com dados oficiais da Defesa Civil. Epicentro da tragédia no RS, Canoas acumulou o maior número de óbitos; 31 pessoas perderam a vida durante a tragédia.

Paralelamente aos números divulgados por órgãos oficiais, as estatísticas eram acrescidas por meio de redes sociais com notícias mentirosas apontando cadáveres amontoados e dezenas de vítimas resgatadas em meio as cheias.

Na noite desta quinta-feira (26), a Polícia Civil gaúcha afirmou ser falso um vídeo, publicado no ápice da enchente e compartilhado por milhares de pessoas, que atingiu o bairro Mathias Velho, em Canoas.

Nas imagens, uma pessoa alegava ter resgatado 47 idosos mortos e 18 crianças mortas na entrada do bairro Mathias Velho. O trecho é um dos pontos que concentrava os resgates e serviços de buscas coordenados pelo Corpo de Bombeiros e polícias.

Responsável pelo Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil, a delegada Cristiane Pasche aponta que o vídeo tinha imagens mentirosas e que só ajudaram a causar mais pânico na população.

“Todos os dados referentes a vítimas foram compilados pelo Estado em parceria pela Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Instituto Geral de Perícias”, explica. “Esses números não oficiais só serviram para disseminar o pânico em uma época já bastante crítica para a população de Canoas”.

Na avaliação da delegada, a maioria dos vídeos propagados na época visava “cliques”. Para ela, as postagens foram inconsequentes e prejudicaram bastante os trabalhos na linha de frente mantidos pelas autoridades.

“A nós cabia o esclarecimento a respeito da falsidade das imagens”, frisa. “Agora, a Polícia Civil tem setores que estão apurando a responsabilidade das pessoas que criaram fake news e essas pessoas terão que responder”.

Corpos congelados em Canoas

O combate à desinformação durante a tragédia em Canoas acabou mobilizando agentes. No dia 17 de maio, o Estado divulgou serem falsas as informações a respeito de dois mil corpos congelados que estariam armazenados em frigoríficos no bairro Mathias Velho.

Na época, as imagens e áudios divulgados seriam oriundas do Posto Médico-Legal (PML) de Lajeado, sem relação com realidade em Canoas. Ainda segundo a delegada, o número (51) 98444-0606 permanece à disposição para qualquer denúncia referente a fake news.

“A maioria dos vídeos falsos eram criados por pessoas que estavam se aproveitando do momento para garantir mais engajamento e cliques nas redes sociais”, afirma. “É preciso combater a desinformação e denunciar esse tipo de conduta”, conclui.

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