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Violência em debate

"Vida brutalmente interrompida de maneira inadmissível": Enfermeira morta por médico do Samu recebe homenagem póstuma

Patrícia Rosa dos Santos foi homenageada em sessão da Câmara Municipal de Canoas na manhã desta terça-feira

Publicado em: 12/11/2024 às 14h:05
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A Câmara Municipal de Canoas organizou um Grande Expediente na manhã desta terça-feira (12) para homenagear a enfermeira Patrícia Rosa dos Santos, 41 anos, encontrada morta no último dia 22 após ser dopada até a morte pelo marido.

Irmã de Patrícia, Priscila Santos pediu auxílio no Legislativo para que caso não caia no esquecimento



Irmã de Patrícia, Priscila Santos pediu auxílio no Legislativo para que caso não caia no esquecimento

Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

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A proposta partiu do presidente da casa, o vereador Cris Moraes (PV), amigo da família, que contou ter em Patrícia também uma aliada na luta contra os maus-tratos praticados contra animais.

Logo na abertura da sessão, o vereador destacou a importância de lembrar a vida de Patrícia para que sua morte não seja esquecida, se tornando mais um número para a triste estatística da violência contra as mulheres.

“A Patrícia dedicou a vida ajudando as pessoas e teve a vida brutalmente interrompida de uma maneira inadmissível”, lamentou. “Acabou sendo morta tragicamente por alguém que escolheu para ser o parceiro.”

Médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), André Lorscheitter Baptista, 48 anos, foi preso preventivamente pela Polícia Civil no dia 29 de outubro, suspeito de matar a mulher ao dosar medicação até a parada cardíaca da enfermeira.

A homenagem, deixou claro o vereador, faz parte de uma iniciativa que renderá uma série de ações visando reforçar os pedidos de justiça no caso da enfermeira, e manifestações por parte das autoridades.

“Tem muita gente ainda calada diante do que aconteceu e não podemos permitir isso”, defende. “Esse movimento é só o começo e garanto que a morte da Patrícia não vai passar em branco.”

Sucinta

Irmã de Patrícia, Priscila Santos falou brevemente durante a homenagem, agradecendo o apoio da Polícia na apuração do caso e pedindo apoio para que o assunto seja levado adiante pelas autoridades.

“Eu preciso da ajuda de vocês, porque nós, sozinhos, não temos forças para pedir ao Cremers [Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul] que tire a licença médica dele”, desabafou.

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A violência em pauta

A homenagem também resultou em uma discussão sobre a violência doméstica. O assunto partiu da secretária especial da Coordenadoria das Mulheres, Vani Piovesan. “O caso da Patrícia acabou nos surpreendendo muito, porque a violência partiu de um médico que usou a especialidade para tirar a vida da mulher, algo que a gente não esperava”, observa.

Patrícia da Rosa dos Santos, 41 anos, acabou sendo dopada até a morte, diz polícia



Patrícia da Rosa dos Santos, 41 anos, acabou sendo dopada até a morte, diz polícia

Foto: ARQUIVO PESSOAL

Vani salienta que, até outubro, Canoas não tinha nenhum feminicídio registrado. Agora, soma dois casos de brutalidade contra as mulheres, o que serve de alerta para as autoridades. “Conversamos com a delegada responsável pela Deam [Angélica Marques, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher] porque preocupa dois casos que surgiram em dias.”

Após a morte de Patrícia, Edilene Silveira Sartori, 38, foi encontrada morta no dia 4 de novembro. O corpo da vítima tinha marcas de cerca de 15 facadas e estava enterrado no pátio da casa do ex-companheiro, no bairro Nossa Senhora das Graças.

Entenda o caso

Na manhã do dia 22 de outubro, a Polícia Civil foi acionada devido a uma suposta parada cardíaca que havia vitimado Patrícia. A denúncia da irmã serviu de combustível para que a Polícia Civil corresse ao local e chegasse na casa da vítima, instantes antes do corpo ser recolhido.

Patrícia teve o óbito registrado pelo Samu por ataque cardíaco, no entanto, os policiais encontraram na casa indícios que ela havia sido assassinada.

“Para começar, ele tinha estranhamente removido o corpo do sofá para o colchão no quarto”, esclareceu Reguse. “Depois, não conseguia responder coerentemente às perguntas dos policiais. Além disso, achamos uma mochila cheia de medicamentos que ele teve dificuldade em explicar por que tirou da casa.”

O trabalho da perícia e a consequente apuração revelou que o homem vinha dopando a vítima por meio de medicação colocada no sorvete. Com Patrícia dormindo, dosava medicação para induzir o ataque cardíaco.

“Foi tudo premeditado para matar a mulher e escapar impune”, afirma. “Se a irmã não tivesse o lampejo de correr até a polícia, o laudo de ataque cardiorrespiratório seria aceito. Só que ela era uma jovem enfermeira sem nenhum histórico cardíaco.”

O caso foi concluído na semana passada com o indiciamento de André Lorscheitter Baptista pela prática do crime de feminicídio consumado pelo “emprego de veneno ou outro meio insidioso”.

O inquérito também incluiu o médico do Samu que atendeu a ocorrência naquela manhã; o enfermeiro que estava na ambulância; e o motorista do veículo credenciado pelo Samu.

Inocência

A reportagem entrou em contato com a defesa do médico, o advogado criminalista Luiz Felipe Magalhães, que volta a reforçar a inocência do cliente. “O André nega as acusações”, afirmou. “A defesa ainda não teve acesso ao inquérito, mas irá se manifestar por meio de nota para a imprensa assim que tiver.”

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