O cantor nativista Dante Ramon Ledesma, de 71 anos, preparou uma compilação dos maiores sucessos da carreira para apresentação única no Theatro Fuga, em Porto Alegre. O argentino, morador de Canoas há mais de 40 anos, se apresenta nesta sexta-feira (2), às 21 horas. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.
“Vou tocar em conjunto com meu filho e um amigo da família. Eu canto e toco bombo, meu filho faz a base de violão e o Matheus toca violão de sete cordas”, explica o músico.
Dante revela estar ansioso para a primeira apresentação no Theatro Fuga. “Quero fazer o máximo possível de shows em celebração aos quase 50 anos da minha carreira. Também quero revisitar lugares em que já toquei. Pretendo subir nos palcos das cidades daqui [Rio Grande do Sul], de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso.”
Dono de números expressivos, o cantor e compositor possui 22 discos, 25 DVDs e bateu a marca de 12 mil shows. “Graças a Deus, mesmo depois de todo o susto que passei com o AVC em 2014, a voz restou. Como, eu não sei. Todos me diziam que seria difícil voltar a cantar”, relembra.
No dia 4 de maio de 2014, Dante foi acometido por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, quando ocorre o rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Como consequência permanente, o músico sofreu paralisia do lado esquerdo do corpo. “Cheguei a pensar que nunca mais cantaria. As sessões com a fonoaudiologia foram essenciais, hoje não necessito mais fazer, sigo fazendo fisioterapia.”
Novo disco, premiações e mudança para o Brasil
O último CD lançado pelo músico foi em 2014, intitulado “Corazon Gaucho”. Dante revela que pretende lançar um novo álbum. “Ainda não tenho data, mas meu desejo é produzir mais um disco. Ao longo da minha carreira, escrevi cerca de 70% das canções. Tenho muito trabalho pela frente.”
O argentino com alma canoense coleciona troféus de premiações musicais. “Já perdi a conta. Entre os principais prêmios estão a Califórnia da Canção Nativa, em 1984. Considero a minha música popular e universal, canto em espanhol e em português. Agradeço a tudo que o Brasil me proporcionou. Sou feliz e grato pela gentileza e hospitalidade das pessoas.”
Dante reside com a esposa no bairro Rio Branco. “Ela é natural de Santa Cruz do Sul, mas vivemos há muito tempo em Canoas. Quando nos conhecemos, na década de 1970, ainda morava na Argentina. Nos casamos lá e aqui. Moramos juntos por dois anos na Argentina até que, por motivos políticos, deixamos o país. Tive amigos que foram assassinados por militares. Canoas se tornou nossa casa desde então.”
Memórias da infância e começo da vida adulta
A música entrou na vida de Dante por influência do pai e do avô. “Tinha cinco anos quando ganhei um bombo do meu avô. Aos seis anos, cantei e toquei bombo no teatro municipal de Río Cuarto, cidade em que nasci. Depois meu avô perguntou se havia gostado. Disse que sim, e ele respondeu: então siga”, recorda.
Depois de ganhar um violão, Dante passou por aulas de canto e música. “Terminei os estudos convencionais, mas a música estava sempre comigo. Participei de 32 festivais de música e ganhei todos na Argentina. No início da fase adulta, trabalhei sete anos no Poder Judiciário em Río Cuarto. Quando me mudei para o Brasil, decidi seguir como músico profissional. Minha carreira começou aqui e não parou mais.”
O cantor enaltece o cenário da música brasileira e comemora os anos de sucesso da carreira.
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