Foi no dia 26 de abril que o Circo Bonaldo D’Italia chegou a Canoas. O picadeiro acabou montado em uma área ao lado da Escola Affonso Charlier, no bairro Harmonia, para uma série de apresentações.
Aos 69 anos, o trapezista Primo Augusto Bonaldo conta que desde então vive o momento mais difícil de sua trajetória de mais 56 anos no circo. Nunca havia passando tanto tempo “parado”.
Para manter o pique, a trupe que segue “estacionada” no descampado da Avenida José Maia Filho está se apresentando em escolas da capital, com um número criado especialmente para entreter as crianças em ginásios.
“Eu me visto de Homem-Aranha e fico pulando no trapézio”, explica Bonaldo. “As crianças gostam muito e aplaudem de pé, porque é algo diferente e que nem todo Homem-Aranha fantasiado consegue fazer”.
Mais que um exercício benéfico para os artistas, as apresentações nas instituições em Porto Alegre têm garantido um pequeno retorno financeiro, já que a ajuda do Governo Federal ainda não chegou.
“A verba que seria repassada para nós segue em avaliação pelo governo”, esclarece Vanessa Bonaldo. “Se não fosse essa parceria, a gente não teria nenhum dinheiro, porque as lonas seguem no chão”.
A malabarista de 43 anos aponta que ainda não ocorreram apresentações em escolas de Canoas, já que é necessário autorização. Entretanto, existe a vontade que as crianças de Canoas também tenham contato com a arte circense.
“Por enquanto, a gente se apresenta em Porto Alegre, porque é onde conseguimos autorização para montar a apresentação”, diz. “Mas a vontade de se apresentar aqui mesmo em Canoas existe e seria ótimo para nós”.
Caminhão estragado
O proprietário do terreno onde está o circo, explica o trapezista, já pediu a área de volta, contudo a dificuldade de mobilidade impede que o Circo Bonaldo D’Italia deixe o local.
“O pessoal passa aqui na frente e acha que a gente deixou tudo para trás e foi embora”, comenta. “Só que estamos aqui e não vamos a lugar nenhum até conseguir sair com as nossas coisas”, avisa.
Entre os prejuízos acumulados durante o período da cheia, está o estrago causado ao caminhão do Circo Bonaldo, O antigo veículo, há décadas é responsável pela movimentação da trupe por estados e municípios.
O veículo continua parado no terreno com o motor de arranque enguiçado, além de outros problemas criados em decorrência de ter passado semanas submerso devido à enchente no Harmonia.
“O mecânico está cuidando disso, mas o conserto sai muito caro”, aponta Bonaldo. “A gente perdeu o motor por causa da água e será preciso muito serviço para que o caminhão sai andando do pátio”.
Mudança
Os planos do Circo Bonaldo D’Italia, mesmo após a tragédia que destruiu a maioria da estrutura, é permanecer em Canoas para uma série de espetáculos, conforme havia sido planejado lá no início do ano.
Vanessa explica que houve contato com a Secretaria Municipal de Cultura, que sinalizou cooperação para encontrar uma área que seja adequada à instalação do circo para posteriores apresentações.
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“O sonho era poder montar tudo até setembro para poder voltar a se apresentar logo”, diz. “O legal é que estamos recebendo ajuda para encontrar uma área e acreditamos que em breve seja possível se mudar”.
Em São Paulo
A convite do programa de televisão Circo do Tiru, a trupe do Circo Bonaldo D’Italia foi até São Paulo para uma apresentação em noite de luxo para o circo brasileiro.
Bonaldo se apresentou no trapézio para uma plateia que observou, boquiaberta, ele desafiar as leis da física em acrobacias sem uso da rede de proteção.
“Fomos a São Paulo e gravamos há algumas semanas”, relata. “O pessoal aplaudiu de pé quando terminamos, porque era a arte do circo na essência”, afirma.
Contato
Escolas interessadas em ajudar o Circo Bonaldo D’Italia e receber uma apresentação, podem entrar em contato com a Vanessa Bonaldo pelo WhatsApp (51) 99844-7755.
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