Três bairros de Canoas passam desde janeiro por uma incômoda e preocupante situação: funcionários dos Correios são assaltados e as mercadorias roubadas. De acordo com a líder comunitária do bairro São José, Mari Lúcia Larroza, 56 anos, os crimes começaram em janeiro deste ano. “As denúncias começaram nos grupos de WhatsApp, onde um dos focos é a segurança da nossa região”, explica.
Após um período sem novas ocorrências, no dia 22 de fevereiro um novo assalto foi registrado. “Depois vieram outros em um curto espaço de tempo”, conta Mari Lúcia. Ela se refere aos roubos registrados entre 23 e 27 de março. “Estou ressabiada.”
Além do São José, outros dois bairros também sofrem com a violência contra os entregadores dos Correios. São os casos do Estância Velha e Guajuviras. “São sete assaltos em 30 dias. Se levar em conta o de janeiro, são oito em menos de 40 dias”, afirma Alexandre dos Santos, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Sintect/RS).
Segundo Alexandre, o Sintect/RS entrou em contato com a Superintendência dos Correios, solicitando a restrição na área de entrega. “Os colegas que foram assaltados, além da mercadoria, tiveram seus pertences pessoais levados. Além do trauma sofrido.”
Suspensão
Com o pedido em mãos, a superintendência acatou o pedido dos entregadores, suspendendo por tempo indeterminado as entregas nos três bairros afetados. “Fomos informados que as associações serão comunicadas. O objetivo é não pegar as pessoas de surpresa.”
Com a suspensão, os moradores terão que ir até alguma agência dos Correios para fazer a retirada. Essa medida é válida enquanto houver a restrição de entregas.
Alexandre diz que ele mesmo já foi assaltado há alguns anos, em 2012, e o trauma é grande. “Fiquei um bom tempo traumatizado, qualquer pessoa que chegava perto eu me assustava.” Mesma situação em que se encontram os moradores, amedrontados pelos bandidos e pela insegurança.
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Rota de fuga
Uma coincidência marca os bairros São José, Estância Velha e Guajuviras. A rota de fuga facilitada para os criminosos. Os três locais contam com fácil acesso para a BR-116, Estrada do Nazário e BR-448. O São José é o que conta com mais saídas, tendo possibilidade de utilizar as três vias citadas.
“Todas as vezes, encontraram os veículos logo depois do assalto. A primeira vez não foi a Fiorino (carro utilizado pelos entregadores), já nas outras duas, sim”, afirma Mari Lúcia. Conforme a líder comunitária, as pessoas estão com medo de receber as mercadorias. “Estamos até avisando os entregadores das outras empresas, por enquanto estão focados nos Correios, mas isso pode se estender.”
Em nota, os Correios comunicam que solicitaram à Brigada Militar (BM), um reforço no policiamento ostensivo nas regiões em que ocorreram as ações criminosas. Além disso, a empresa reitera estar oferecendo apoio psicológico às vítimas dos assaltos.
Já Mari Lúcia, que precisa dos produtos, utiliza um método de evitar riscos. “Pergunto se o pacote passa pelo portão, só saio se passar. Os criminosos podem nos render durante o assalto”, completou.
A Brigada Militar foi contatada e não retornou até a publicação desta matéria.
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