Aos gritos de “feijão, feijão!”, “quem tem molho?” e “vamos lá”, os voluntários na cozinha da Chef Gourmet produzem mais de 8 mil marmitas diariamente para atender os canoenses desabrigados. A escola de gastronomia abriu as portas para montar refeições para a população atingida pela enchente.
A operação começou no dia 2 de maio e, gradativamente, o número de marmitas entregues aumentou. Cerca de 80 voluntários trabalham em cada turno para garantir o almoço e a janta de pessoas abrigadas. No último sábado (11), a marca de 10 mil marmitas produzidas na cozinha foi alcançada.
Os coordenadores garantem que o cuidado o não fica restrito à quantidade de refeições. “Somos uma escola de gastronomia, então uma das exigências é entregar comida com sabor, uma comida que traga conforto, afetividade, prazer e acolhimento”, explica Rodrigo Teixeira, proprietário da ChefGourmet.
As doações de marmitas se tornaram mais escassas pela cidade nos últimos dias, por isso, a demanda da Chef Gourmet subiu. Mas os planos seguem: “Para semana que vem, vamos fazer alimentação para pessoas autistas abrigadas na Ulbra. Como tem questões de seletividade alimentar, vamos montar 28 marmitas diferentes”, destaca Rodrigo.
O chef de cozinha Lucas Ostjen, 33, é um dos comandantes do grupo de cozinheiros. Os voluntários se organizam em equipes: enquanto alguns colocam a mão na massa na cozinha, outros auxiliam na montagem das marmitas e ficam responsáveis pelas entregas.
Um grupo de assadores cuida do churrasco de salsichão e frango que completa as marmitas. O clube Rotary também ajuda a operação, com a parte de captação de recursos.
As marmitas são distribuídas para abrigos na Ulbra, Unilasalle e no Colégio Cristo Redentor. A escola ChefGourmet também colabora com os negócios vizinhos – marmitas são enviadas para o Clube Tradição e para a Igreja Lagoinha, que também recebem doações de roupas, colchões e cobertores.
No Clube Tradição, as refeições podem ser retiradas individualmente. “Quem levanta a mão, damos um jeito de atender”, garante Rodrigo.
A tragédia da enchente não fica apenas do lado de fora da cozinha. Alguns voluntários, como José da Costa Filho, 65, tiveram suas próprias casas atingidas pela inundação. “Estou num abrigo e como gosto de cozinhar, me indicaram vir aqui. A gente tem amor a essa profissão. A gente vem e faz o que gosta, é a única maneira de aliviar a dor que estamos sentindo e ajudar os outros”, relata o produtor de eventos. Além da casa, ele perdeu o local onde preparava buffets.
Com essas situações, as doações recebidas na escola de gastronomia são destinadas para preparar as marmitas e também para os voluntários. “Muitos perderam tudo e a gente corre atrás para conseguir o que eles precisam. É importante valorizar quem está aqui todos os dias”, diz Rodrigo.
O cardápio é feito de acordo com as doações recebidas. A equipe solicita doações de feijão, polenta, arroz e alimentos não perecíveis, mas também de cebola, alho e outros temperos, que garantem o sabor das refeições. Recomenda-se que massas tipo penne e parafuso sejam doadas, bem como arroz parabolizado – para facilitar a produção de grandes quantidades de comida.
As doações podem ser entregues na avenida Boqueirão, 974.
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