Com o sonho de dançar profissionalmente na Alemanha, o bailarino canoense Brian Gilson Soares, 18 anos, ex-morador do bairro Rio Branco, atualmente é um dos alunos mais promissores da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville. O talento para a dança clássica foi descoberto pela professora de uma prima que estudava ballet. “Fiz uma aula experimental e a professora notou que eu tinha talento”, relata Brian, que irá concluir sua formação na dança em dois anos. Está há seis no Bolshoi.
A expectativa, após a formatura, é ser convidado a integrar o grupo profissional que representa o Bolshoi em espetáculos realizados pelo Brasil e pelo Exterior. “A dança para mim é uma forma de expressão. Tenho muito amor por essa arte”, ressalta, mencionando o sonho de dançar fora do Brasil, onde a dança é mais valorizada. “Penso na Alemanha, porque o custo de vida lá é bom e o bailarino é bastante valorizado.” Caso não seja selecionado, para alcançar o seu objetivo, Brian pretende lutar com a mesma garra que fez com que ele chegasse onde chegou. VEJA VÍDEO DE BRIAN SOARES de 2018.
Sua conquista tem vários pilares. A própria dedicação, mas também o apoio dos pais e da professora Gabriela Bois Schutz, do Attitude Studio de Dança, onde tudo começou. Gabriela, além de ter notado a aptidão do jovem, concedeu uma bolsa de dois anos de estudo. “
Percebi o talento e após duas aulas chamei a mãe dele para uma conversa. Queria saber se ele teria apoio, pois sabia que se quisesse, poderia viver profissionalmente da dança, tendo uma boa formação, como no Bolshoi”, comenta. Na escola, o aluno recebe todo o suporte, desde a alimentação até os uniformes.
Brian dançou durante um ano escondido do pai. A mãe, no entanto, depois de um primeiro momento de receio, em razão do preconceito que ainda existe, resolveu apoiar integralmente. “Quando o pai descobriu foi como uma bomba. Porém, quando ele assistiu à primeira apresentação do filho, tornou-se um dos seus maiores apoiadores. Passou a acompanhar Brian em espetáculos e competições de dança, onde o menino se destacava. Foram muitas premiações”, revela. Deu tudo certo. Após o pré-teste, veio a chance de participar de uma audição. Para custear o transporte foi necessário mobilizar a comunidade com uma “vaquinha”, que garantiu o transporte de ida e volta.
A ida pra o Bolshoi mudou os rumos da vida do bailarino Brian Gilson Soares e da sua família. O pai, ex-pedreiro e atual ajudante de depósito, a mãe, que está desempregada, mas já atuou no setor de limpeza hospitalar, e o irmão de 11 anos mudaram para Joinville para dar suporte ao jovem que tem paixão pela dança clássica. Fernanda comenta que sente muito orgulho e que está ciente de que não é uma carreira fácil. “Ele já se lesionou e ficou um ano sem dançar. Pensou que não ia mais voltar. Estou sempre incentivando”, conta.
Após as aulas regulares do 1.º ano do Ensino Médio, o bailarino Brian vai para o Bolshoi, onde almoça e depois acompanha uma série de aulas. Os estilos clássico, contemporâneo e repertório, além de História da Arte fazem parte do currículo. “O que mais gosto é o clássico”, afirma. A ex professora Gabriela e a mãe, Fernanda, garantem que os atuais professores são só elogios e apostam nele para uma carreira internacional.
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