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SAÚDE

Superlotação gera acúmulo de reclamações no Hospital Nossa Senhora das Graças

Pacientes e familiares reivindicam melhores condições de atendimento

Taís Forgearini
Publicado em: 07/11/2024 às 17h:58 Última atualização: 07/11/2024 às 17h:59
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O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) opera com mais de 400% da capacidade. Diante da superlotação, as reclamações sobre os serviços prestados se acumulam. Pacientes e familiares reivindicam melhores condições de atendimento. Os relatos incluem falta de leitos, desmarcação de cirurgia sem aviso prévio, omissão de informações sobre a ausência de procedimentos médicos e longa espera em corredores.

João Lanzone aguarda procedimento médico para a esposa



João Lanzone aguarda procedimento médico para a esposa

Foto: Taís Forgearini/GES-Especial

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Com a suspensão das consultas e cirurgias agendadas no hospital, a situação foi agravada. Desde terça-feira (5), os atendimentos eletivos estão suspensos devido à paralisação. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), cerca de 100 profissionais aderiram ao movimento que reivindica o pagamento de salários em atraso.

João Carlos Lanzone, 63 anos, conta que a esposa necessita da realização de uma punção. O procedimento consiste em inserir uma agulha ou instrumento afiado em uma área do corpo, principalmente para diagnóstico ou tratamento.

“Ela tem um tumor no cérebro, não existe mais possibilidade de cirurgia. Na semana passada, ela precisava fazer a punção, porém, recebeu alta e o procedimento não foi feito. Retornamos nesta quarta-feira [6] para o hospital, ela ficou aguardando cerca de três horas até conseguir uma cama. Ninguém soube informar porque havia sido liberada sem ter feito o procedimento. Seguimos aguardando”, revela o morador do bairro Niterói.

O aposentado demonstra preocupação com o estado de saúde da esposa de 58 anos.

“Ela está com a saúde fragilizada, necessita de cadeiras de rodas para se locomover no hospital. Colocaram ela em uma ala com mais 30 pessoas acamadas. A cama dela está posta no meio, ou seja, aonde as pessoas precisam passar. É uma situação caótica. Vi pessoas usando lixeiras como encosto enquanto aguardavam nos corredores.”

Raquel de Souza Oliveira, 37 anos, reclama sobre a falta de aviso sobre o cancelamento da cirurgia da filha, Júlia Eva, 17.

“A cirurgia no cotovelo estava marcada para esta quinta-feira [7], mas somente depois de três horas aguardando fomos informadas de que a cirurgia precisaria ser reagendada por falta de anestesista. Eles remarcaram para a próxima semana”, comenta a prestadora de serviços gerais.

Para a moradora do bairro Estância Velha, a demora no atendimento precisa de atenção.

“Na segunda-feira [5], quando minha filha se acidentou, chegamos às 19 horas e saímos às 3 da manhã. Nesse dia, havia muita gente, estava lotado. Acho que poderia haver mais profissionais para ser mais rápido. Não tenho nada a reclamar dos médicos, eles fazem o que podem. O que tem circulado nos corredores é a falta de alguns insumos e essa questão dos pagamentos”, completa.

Cristian Dorneles, 39 anos, precisou levar o filho, de um ano, para atendimento após uma queimadura no pé, nesta quinta-feira (7).

“Todas as cadeiras de espera estavam cheias. Havia muitas pessoas aguardando Fiquei duas horas aguardando por atendimento. Foi paliativo. Eles enfaixaram a queimadura e mandaram eu procurar atendimento especializado em Porto Alegre porque eles não realizam aqui”, destaca o estoquista.

O que diz o HNSG

Em nota, o hospital confirma a superlotação e diz que enfrenta um desafio extra devido às cheias de maio, dois hospitais (HNSG e HPSC) que passaram a operar nas instalações do Hospital Nossa Senhora das Graças. E diz que a situação contribui significativamente para a alta demanda por atendimentos e consumo de insumos hospitalares.

De acordo com o comunicado, o hospital “assim como outros hospitais da região metropolitana de Porto Alegre, está operando com uma superlotação, no nosso caso superior a 400% da capacidade.”

A nota reforça que “a equipe está trabalhando intensamente para gerenciar a situação e garantir que o atendimento seja mantido.”

 

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