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Desde o início da manhã, centenas de pessoas se reúnem em pleno coração da cidade, no Calçadão, para se candidatar as mais de 1.600 vagas colocadas à disposição pelas 23 empresas que participam da ação.
Criada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (SMDETI), a ofensiva garante encaminhamento e oportunidades que requerem escolaridade básica, ensino médio ou técnico, dependendo somente do enquadramento do candidato.
“É importante salientar que não estão à disposição vagas para temporários, mas, sim, empregos efetivos”, destaca a secretária Simone Sabin “A pessoa chega aqui, se candidata e pode sair empregada no mesmo dia”.
Ronaldo Santos, 34 anos, acabou saindo do emprego durante o período mais crítico das cheias. Disposto a retornar ao trabalho após reorganizar a vida, conseguiu encaminhamento para uma vaga na construção civil.
“Fiquei muito tempo longe de casa e só consegui voltar há dois meses”, conta o morador do bairro Mathias Velho. “Deixei o emprego quando a minha casa encheu de água e acabei abrigado na minha irmã, em Cachoeirinha. Voltei com a mulher e o guri e agora preciso voltar ao serviço”.
Recuperação
No contexto em que está inserido, o desempregado faz parte justamente o público-alvo a ser atingido pela ação, segundo o prefeito Jairo Jorge, que esteve no local e conversou pessoalmente com os candidatos na longa fila.
“Foram, no mínimo, 20 mil postos de trabalho afetados durante o período das enchentes”, aponta. “Precisamos recuperar emprego e renda de muitas famílias, por isso criamos esta ação”, explica.
Falta de qualificação e disponibilidade são obstáculos
A iniciativa desta quarta-feira esbarra na falta de qualificação e disponibilidade para trabalhar de muitos candidatos, segundo os próprios responsáveis pelo recrutamento que estavam presentes no Feirão.
À frente da empresa RNI, a recrutadora Tatiane Zanetti Guedes esclarece que a falta de profissionais qualificados às funções é um problema no momento de assinar a carteira.
Precisando de carpinteiro, pedreiro e pintor, a empresa encontra dificuldade no recrutamento de pessoal com experiência para atuar no setor. Isso porque a maioria dos profissionais no mercado está empregado.
“Mesmo não sendo exigida muita experiência, a dificuldade é grande, porque profissionais do setor, em geral, estão empregados. E os jovens não parecem muito interessadas nestes ramos”, diz.
Tatiane explica que a disponibilidade também cria dificuldade, já que muitos candidatos não querem trabalhar aos sábados e domingos, nem que a empresa ofereças horas extras a 100% para o trabalho em finais de semana.
“A maioria dos candidatos quer trabalhar de segunda a sexta-feira, sem querer se envolver com serviço no sábado ou domingo”, observa. “Nem as vantagens oferecidas de remuneração adicional incentiva quando o assunto é trabalhar no final de semana”.
Mais empregos
Conforme a secretária Simone Sabin, pensando em qualificar a mão de obra para suprir a demanda exigida pela indústria em Canoas, a Prefeitura criou uma parceria com o Senai e está disponibilizando cursos gratuitos.
“Estamos recebendo empresas e elas precisam da mão de obra qualificada”, afirma. “Se o trabalhador não tem, então vamos criar cursos. Então basta querer aprender para garantir qualificação e emprego”.
Os cursos de qualificação e capacitação profissional nas áreas de Administração de Materiais e Logística Integrada, Tecnologias da Indústria 4.0 e Eletricidade Predial estão com aulas ministradas à noite no Senai.
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“Sabemos da dificuldade da população em buscar a qualificação e estamos criando meios para conseguir capacitação e, assim, garantir o emprego e renda”, aponta. “Precisamos somente que as pessoas queiram se qualificar e trabalhar”, conclui Sabin.
Mudança
Nem todos na fila do Super Feirão, nesta quarta-feira, estavam inseridos na triste estatística do desemprego. Havia também quem buscava mudança de setor ou simplesmente previa o fim do contrato de trabalho neste final de ano.
Guilherme Castro, 31 anos, está deixará o emprego administrativo atual no dia 31 de dezembro e pensa em retomar a atividade como técnico instalador de redes de telecomunicações após ver a divulgação de vagas para o setor.
“Eu não penso que a pessoa precise esperar ficar desempregada para só depois sair e procurar emprego”, opina. “Eu li o anúncio das vagas e resolvi me candidatar logo para começar 2025 novamente empregado”.
Otimismo
Segundo o prefeito Jairo Jorge, Canoas é a cidade gaúcha que mais se recuperou da tragédia. O apontamento tem como base os números do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] demonstrando que a cidade criou 1.081 empregos entre junho e agosto.
“Dos 3.771 empregos gerados na região, um terço foi criado em Canoas”, aponta. “Isso não é um número que possa ser ignorado. A cidade passou por uma catástrofe natural, mas vem se reerguendo desde então como nenhuma outra”, avalia.