Não é apenas estética, mas também identidade. Esse é um dos ensinamentos da professora Micheline Rosa Soares durante a oficina de trancista na tarde desta segunda-feira (18), na Antiga Estação de Trem, no Centro de Canoas.
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Foto: Paulo Pires/GES
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Com delicadeza e precisão, a trancista mostrou passo a passo como fazer a trança nagô, caracterizada pela espessura fina e por ser rente ao couro cabeludo, podendo formar padrões e desenhos. A orientação também se estende à postura do corpo, braços e dedos de quem trabalha a técnica. “Tem que ficar atrás da cabeça enquanto faz a trança para ficar reta e sempre puxando para ti”, ensina.
A assistente administrativa Tatiane de Jesus, 45 anos, iniciou e desmanchou a trança no manequim diversas vezes até entender o processo. “Eu tenho até às 18 horas para aprender”, brinca. De acordo com a professora Micheline, a proposta é que o aluno consiga finalizar uma trança, podendo fazer por conta própria depois, sem orientação.
A aluna, que não tem experiência em fazer tranças, ficou sabendo da oficina pelas redes sociais. “Vim aprender para fazer em casa. Às vezes, os meus filhos pedem para fazer e não fica muito bom. Então, vim aprender para trançar o cabelo deles”, conta Tatiane.
Esse é o motivo da maioria dos interessados em traçar os cabelos, comenta a professora. “A princípio as pessoas vêm aprender para fazer na família, nos amigos, mas depois veem que podem ganhar dinheiro com as tranças.”
A própria trajetória de mais de 20 anos de Micheline na profissão segue esse caminho: primeiro, aprendeu com a mãe; depois, fez um curso de trancista ainda adolescente. “Comecei fazendo em uma pessoa, que indicava para outra”, relembra.
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A oficina desta segunda-feira integra a programação da Semana de Arte e Cultura Negra de Canoas, organizada em alusão ao feriado do Dia da Consciência Negra, na próxima quarta-feira (20). “É muito significativo mostrar e valorizar a cultura negra dentro da cidade”, ressalta Micheline.
Para Tatiane, atividades como essa precisam ir além da data comemorativa. “Seria bom se não fosse somente no Dia da Consciência Negra. Fomentar um curso assim seria bom para a professora e para os alunos também”, destaca.
Confira a programação
Terça-feira, 19
9 horas – Visita mediada à Exposição Orixás, de Pedro Homero
Local: Museu Municipal Hugo Simões Lagranha (Casa dos Rosa)
10 horas – Palestra sobre Racismo no Esporte
Palestrantes: Márcio Chagas e André Pinga (ex-jogador do Internacional e da Seleção Brasileira)
Local: Auditório Sady Schwitz
13h30 – 2° Festival de Cinema da EMEF Edgar Fontoura Troféu Edgarito
14 horas – Espaço de Dança Divas Black
14h10 – Visitação e apresentação de trabalhos produzidos pelos estudantes em homenagem ao Dia da Consciência Negra
15 horas – Exibição de filmes curtas-metragens
17 horas – Roda de Capoeira
18 horas – Premiação e entrega de troféus
Local: EMEF Edgar Fontoura
15h e 19h30 – Contação de Histórias e Exposição de Arte Boneco Bastião e Mestre Griô Julinho de Oxalá
Local: EMEF João Paulo I
19 horas – Exposição Orixás, com lyanifá Ifákemi Obalúfe e Cássio Tambor
Curadoria: Airan Milititsky Aguiar
Local: Museu Hugo Simões Lagranha (Casa dos Rosa)
Quarta-feira, 20
13 às 18 horas – Sarau Sankofa – Poetas do Futuro, parceria: Espaço Cultural Indayá
16 horas – Coletivo Preta, Preta, Pretinha, com contação de História Afrocentrada “O baú das histórias”
Local: Garden Containers – Rua Açucena, 1575, Marechal Rondon
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