De olho no céu

"Se chover, a gente não tem para onde ir", diz morador de Canoas com as telhas destruídas

Medo de que volte a chover é grande para quem perdeu o telhado durante a inundação em Canoas

Publicado em: 07/06/2024 14:52
Última atualização: 09/06/2024 12:55

O sol brilha forte, céu está limpo e não há previsão de chuvas para os próximos dias em Canoas. As informações dos serviços meteorológicos, no entanto, não são suficientes para diluir a tensão de parte da população.

Eduardo vive a expectativa de conseguir um telhado para casa antes que volte a chover Foto: PAULO PIRES/GES

Há o medo especialmente dos moradores que perderam o telhado durante a inundação. De olho no céu, muitos receiam que a chuva retorne e prejudique mais a situação já bastante delicada.

Morador do bairro Mathias Velho, Eduardo Gavião enfim conseguiu voltar para casa, embora não tenha garantido o retorno da mulher e do filho de apenas 4 anos. O problema é que o telhado da casa não existe mais.

“Se chover, a gente não tem para onde ir”, explica. “Sobraram só as madeiras, mas elas passaram dias debaixo d’água e não servem mais para sustentar as telhas. Só dá para botar abaixo e jogar fora”.

O motorista de aplicativo de 32 anos trabalha na limpeza da casa, contudo, não imagina quando será possível voltar devido à necessidade por madeiras, telhas e até mesmo a fiação elétrica da pequena casa que tem na Rua Caçapava.

“A gente está tentando se reerguer, mas precisa de ajuda”, diz. “Acho que as telhas são o mais difícil de conseguir agora, porque tem um monte de gente na mesma situação precisando”.

Após um mês da tragédia, Eduardo se ressente ao juntar os brinquedos enlameados do filho que acabaram ficando para trás em meio a correria para escapar da cheia após o rompimento do dique.

“Não deu tempo de nada e quando a gente tentou fazer alguma coisa, já estava com água pela cintura”, lembra. “Perdemos as coisas e a gente tem noção que vai levar tempo até se reerguer”.

Tristeza

Mãe de Eduardo, a aposentada Eloci Ribeiro, 63 anos, relata viver há 30 anos no bairro Mathias Velho, sem nunca ter visto a casa encher de água como aconteceu durante o mês de maio.

Também moradora da área, ela recorda de épocas em que choveu tanto que houve a necessidade de levantar os móveis, porém não imaginava que veria o filho e o neto saírem correndo de casa.

“Meu neto chora que quer voltar para casa e está com saudade, mas não dá”, lamenta. “Já passei muito trabalho e tive que levantar os móveis em casa, mas não assim. É muito triste ver que o meu neto não tem mais um teto”.

Ajuda

Quem puder ajudar, pode entrar em contato pelo WhatsApp (51) 99293-6285 ou pela www.vakinha.com.br/4859642

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