O número de pessoas alojadas emergencialmente em abrigos institucionais em Canoas chegou a ultrapassar os 20 mil na terceira semana de maio. Agora, 6.901 canoenses permanecem distribuídos em 61 abrigos, de acordo com registro da Prefeitura. O campus da Ulbra ainda é o maior abrigo, mas o espaço que chegou a alojar cerca de 8 mil pessoas agora acomoda 800.
O segundo maior abrigo no município é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Carlos Drummond de Andrade, no bairro Guajuviras, com 489 pessoas. Na escola, ações vêm sendo desenvolvidas com as crianças e adolescentes – é o caso do “Espaço da Gurizada”, instalado nesta semana por iniciativa do Unicef. O propósito é que uma sala sirva de espaço seguro e acolhedor para jovens. Na última semana, a banda militar do exército realizou apresentação na escola.
Jair Nunes, 54 anos, é um dos abrigados no Emef Carlos Drummond de Andrade. Ele teve de deixar sua casa junto de alguns vizinhos ao ver a água da enchente subindo. “Fica só a tristeza do jeito que ficou nossa casa. Saímos sem ter um destino certo, pensamos que íamos ter de dormir na rua, embaixo da passarela”, conta.
Eles foram convidados a ir até uma escola no Guajuviras, que logo se transformou em um dos maiores abrigos emergenciais de Canoas. A população atingida pela enchente está dormindo nas salas de aula da escola. “Moro no bairro Rio Branco. Foi muito terrível. Saímos de um lugar horrível e ainda não sabemos o que vamos encontrar ao retornar, mas aqui fomos bem recebidos”, relata Jair.
Até a última quinta-feira (30), Jair ainda não tinha conseguido sequer ver como sua casa ficou após a cheia. “Aos poucos vamos nos levantando de novo e conseguindo nos estabelecer. Vamos ter de segurar em Deus para buscar tudo de novo, porque o que ficou lá, acabou tudo. Vamos só tirar para fora”.
O abrigo na Emef Carlos Drummond de Andrade é gerenciado pela Prefeitura. A alimentação diária é garantida pelas funcionárias da escola.
“Nesse momento em que o povo precisa de nossa solidariedade, estamos vindo inclusive nos finais de semana e feriados. Cozinhamos com o mesmo amor para nossos alunos e para os abrigados”, conta a cozinheira Elsa Soares. Há quatro refeições diárias. “Tentamos fazer tudo bem equilibrado e com carinho, recebemos até elogios”, diz Elsa.
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