O Restaurante Popular reabriu nesta quarta-feira (14), após o feriadão de carnaval, para alívio da moradora do bairro Guajuviras, Simone Dutra, 32 anos. Ela caminhou mais de uma hora da sua casa até o local, que fica no Estância Velha, e chegou antes das 8 horas, garantindo o primeiro lugar na fila. “Moro longe, por isso saí bem cedinho, para garantir o meu almoço e do meu filho, que ficou em casa. Estou desempregada e as refeições daqui me ajudam muito”.
Foto: FOTOS PAULO PIRES/GES
Um pouco mais atrás na fila estava o aposentado Arnold Rugast, 83 anos, que frequenta o local há mais e dez anos. Ele elogia a comida, que é a única refeição completa que faz durante o dia. “Vivo sozinho e venho aqui há muito tempo, desde o outro endereço. Garanto o almoço aqui e à noite tomo um café. Às vezes como aqui mesmo, outras, levo para casa. A comida é boa, sem muita gordura e com sal, o que é bom para a minha diabete”, disse, segurando na mão uma moedinha de um real e o seu cartão de identificação.
Para usufruir do benefício é necessário fazer uma inscrição, próprio local, estar com o Cadastro Único atualizado e ser morador de Canoas. O público prioritário são pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar com renda familiar menor que um salário mínimo. O almoço custa R$ 1, mas o valor não é cobrado de pessoas em situação de rua. São cerca de 4 mil refeições entregues e investimento de cerca de R$ 60 mil ao mês, pela Prefeitura.
Sem verba do Estado, espaço fechou em 2020
De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Luísa Emília Lucena Camargo, o Restaurante tem um fluxo regular de frequentadores e declara que o esforço para manter o restaurante ativo é grande. A secretária lembra que o Estado cortou a verba que complementava o investimento da Prefeitura de Canoas no Restaurante, em 2019. Essa verba significava cerca de 30% do valor necessário para a compra das refeições.
Sem essa verba, o local chegou a fechar em 2020 e antes do feriado esteve um dia sem funcionamento, por falta de pagamento. “Pegamos uma dívida da gestão anterior. A empresa estava sem receber por seis meses. A Prefeitura negociou e as atividades retornaram”, declarou.
Há algum tempo se ouve falar da necessidade de ter mais um restaurante, a princípio no bairro Mathias Velho, para atender o outro lado da cidade. No entanto, segundo secretária, esse projeto depende de orçamento e diante das dificuldades financeiras do município, esse novo restaurante não tem previsão. “As despesas são grandes, além da compra das refeições há a manutenção do local”, comentou. O fluxo no local diminui um pouco no mês de dezembro. “Uma explicação é que algumas pessoas, nesse período, conseguem trabalho temporário”, comenta a coordenadora técnica do Restaurante, Anelise Ribeiro.
No local ou na própria residência
Arroz, macarrão, feijão, calabresa, salada de cenoura, banana e suco. Esse foi o cardápio do Restaurante Popular na quarta-feira (14). Foi o que Elisandra Miranda Sahnudo, 38, que frequenta o local há um ano, levou para casa, para comer com os dois filhos.
“Pego comida aqui de segunda a sexta-feira. Trabalho como recicladora, mas está difícil. Nos finais de semana e nos feriados, tenho que dar um jeito. Me organizo com o pouco que recebo”, comentou. A nutricionista Anelise Ribeiro coordena o local e fiscaliza o serviço terceirizado.
Ela destaca que não há reserva de vagas e que o limite são 200 refeições. “Acontece de algumas pessoas levarem outra refeição para casa, mas são casos que sabemos, pelo cadastro, que é para os filhos”, afirmou. Moradores de rua não castrados não deixam de ser atendidos. Fazem inscrição na hora e têm até 30 dias para se adequarem e fazer o Cadastro Único.
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