Em Canoas, a Villa Nenê deve ter sua obra de restauro reiniciada este ano. Este espaço cultural da cidade passou por um incêndio em 2018 e cerca de quatro anos depois teve uma obra de restauração iniciada. Essa obra em seguida foi interrompida e o contrato com a empresa contratada, rescindido.
No início deste mês, a administração pública divulgou nova licitação, informando que a concorrência pública das empresas interessadas está marcada para 6 de fevereiro.
De acordo com o secretário municipal de Cultura, Herbert Poersch, o DJ Cabeção, essa rescisão ocorreu porque a contratada, ao iniciar o serviço, encontrou um problema estrutural no prédio. Com isso, a obra ganhou outra dimensão e o valor acertado na licitação ficou insuficiente. “O valor ficou em torno de 25% acima do que havia sido licitado”, disse, acrescentando que o problema foi descoberto durante o trabalho.
Ele explica que essa obra de restauro exige uma qualificação específica e ele teme enfrentar uma certa dificuldade para encontrar prestadoras para esse serviço. “Normalmente empresas com essa qualificação assumem trabalhos de restauros maiores”, afirma.
Poersch avalia que esse restauro é importante para a cidade e que a divulgação da licitação é essencial para que as empresas saibam que ela está ocorrendo e se inscrevam. Normalmente, empresas com o tipo de serviço necessário cobram valores elevados, pois o trabalho é minucioso. “A própria empresa que assumiu o trabalho anteriormente não se inscreveu”, comentou.
Enquanto isso, o prédio em ruínas vai se deteriorando ainda mais.
Símbolo arquitetônico do século 20
Localizada na rua Santos Ferreira, 442, no bairro Marechal Rondon, a Villa Nenê foi considerada símbolo da urbanização e industrialização local no início do século 20.
O espaço constitui um dos poucos exemplos da arquitetura eclética em Canoas, além de ser vestígio dos pioneiros da fabricação a vapor de móveis de madeira no Rio Grande do Sul. Foi tombada como patrimônio histórico no ano de 2009
Segundo registros históricos, a Villa Nenê foi erguida em 1928 e recebeu este nome em homenagem a Gomercinda Ignácio Silveira, conhecida como Nenê. Era casada com Cândido da Silveira, um cidadão que se destacava na cidade.
Com o abandono, moradores de rua já se abrigavam no prédio, que hoje é vistoriado diariamente pela Guarda Municipal.
Cerca de R$ 4 milhões para recuperar o espaço cultural
Para restaurar o prédio da Villa Nenê serão investidos mais de R$ 4 milhões na recuperação total do espaço cultural, com valores captados junto ao governo do Estado. Deste total, R$ 2.856.998,25 através de repasses do Governo Estadual via Sedac, pelo Edital Museus, com contrapartida de R$ 1.224.427,82 da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
O convênio firmado entre a Prefeitura de Canoas e a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) foi anunciado no Diário Oficial da Prefeitura de Canoas, no início do mês de janeiro.
Após a restauração arquitetônica, a Villa Nenê funcionará como sede do Museu Municipal Hugo Simões Lagranha, com exposições e visitas técnicas e receberá atividades culturais gratuitas para a comunidade, além de ações aos projetos museológico, educacional, artístico e de comunicação.
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