Raimundos agitaram a cena rock de Canoas há 13 anos

O ano era 2009 e uma das bandas mais importantes do rock nacional desembarcava em Canoas. O show que ocorreu em julho daquele ano, era considerado uma retomada na carreira dos Raimundos, que ainda lidavam com uma agenda reduzida de apresentações após a saída do então vocalista Rodolpho.

De acordo com Carlinhos Pinho, 53 anos, então proprietário do Studio Rock Bar, local do show, os custos eram baixos no período. “Cansei de pegar gente que fazia show no Opinião e depois vinham para Canoas.” Um exemplo citado pelo empresário foi a performance de Marky Ramone ao lado dos gaúchos da Tequila Baby.

Responsável por alinhar e promover o show, o músico Cássio de Abreu, 44 anos, conhecido como Xalaman, contou como foram os contatos para contratar os Raimundos. “Trabalhava como roadie da banda Maria do Relento, que costumava abrir os shows dos caras, além disso o Dudu Corrêa, aqui da cidade, também era próximo do Digão. Facilitou.”

Recepção em Canoas

Xalaman conta que os Raimundos foram recepcionados ainda no Aeroporto Salgado Filho, no dia anterior ao show. De lá, partiram para para o Studio Rock Bar, onde conheceram as dependências do local. “Não se queixaram de nada”, comenta. O almoço foi típico canoense de acordo com Xalaman. “Levamos eles no Romani, ficaram impressionados com o tamanho do Xis”, brinca o músico e produtor.

Na sequência o vocalista do grupo, Digão, foi até o Estúdio Navarro. “Ele foi lá para usar a internet, na época não utilizava notebook e o Wi-Fi não era popular.” Xalaman conta que inclusive perguntou se seria necessário algum equipamento, o que foi dispensado. “Depois acabamos pedindo pizza e jantamos por lá mesmo com o restante da banda. Todos foram muitos atenciosos, percebemos que estavam com muita vontade de fazer o show.”

Os Raimundos ficaram hospedados no Hotel Castel, do bairro Igara. “Foram muito simples, no outro dia depois do show eles iriam viajar para a cidade de 3 de maio, no interior do Estado. Facilitaram de verdade para tocar em Canoas.” De acordo com Carlinhos, a opção aconteceu após uma recusa do Opinião em recebê-los. “A banda estava em baixa depois da saída do Rodolpho, não havia ainda encontrado um novo rumo”, completa.

Morte do baixista Canisso abalou

Os fãs da banda foram surpreendidos na última segunda-feira (13), com o falecimento do baixista e componente da formação original do grupo. José Henrique Campos Pereira, mais conhecido como Canisso, tinha 57 anos e segundo o que foi divulgado pela família, morreu após sofrer um infarto. “Acompanhava o Canisso nas redes sociais, sempre respondeu com muita atenção e carinho nas vezes que interagia com ele”, conta Xalaman.

Segundo Xalaman, quando se fala dos componentes da banda, Digão era o mais sério. “Nunca foi mal educado, pelo contrário, a questão é que ele era mais fechado do que os outros. Já o Canisso era mais sorridente, tinha mais interação com todos”, completa.

Já Carlinhos diz que conheceu o Raimundos em um show dos brasilienses no Gigantinho, na capital. “Era o auge deles, fui no show e virei fã.” Atualmente, uma das músicas mais escolhidas pelos clientes no Karaokê, veio dos anos 1990. “Mulher de Fases, com certeza. Junto com Ana Júlia, Evidências, está entre as músicas que o pessoal mais gosta de cantar aqui no bar”, revela.

Cenário atual

O Studio Rock Bar fechou as portas em 2012, no entanto, Carlinhos seguiu atuando na vida noturna da cidade e atualmente é proprietário de um pub, no centro do município. “O mercado mudou muito desde aquela época, hoje os custos estão muito altos. Optamos por apresentações de músicos locais.”

Os tempos conforme Carlinhos eram outros. Ele lembra que em 2007 o Studio recebeu a banda Fresno, até então conhecida apenas no Rio Grande do Sul. “Eles acabaram vencendo o prêmio revelação no VMB da MTV e os ingressos que custavam R$ 10, passaram a ser vendidos por R$ 70.” Outros artistas renomados também passaram pelo antigo palco. “Desde Ratos de Porão, Forfun, Cachorro Grande e chegando ao Neguinho da Beija Flor”, finaliza.