“É bom conversar, conhecer gente e se abrir um pouquinho”, conta a aposentada Ivone Rafael, 80 anos. Ela é uma das participantes do grupo Sessenta e fala, que acolhe pessoas com 60 anos ou mais para compartilhar suas demandas em saúde mental após a enchente que assolou Canoas e região.
A iniciativa é resultado da ação da Clínica Integrada de Saúde (CIS), da UniRitter Canoas. Quatro grupos de acolhimento foram criados e são organizados por alunos de estágio da universidade, sob supervisão da psicóloga preceptora Marina Severo.
Segundo uma pesquisa do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), 91% dos moradores do Estado foram afetados pela ansiedade em função das enchentes. A pesquisa é coordenada pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Simone Hauck e feita com o apoio da Rede Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na área da Saúde Mental (ReNaSaM).
“Começamos na semana passada. O grupo tem dia e horário fixos, mas é aberto. Pessoas interessadas podem chegar a qualquer momento”, explica Marina. Para participar, basta fazer uma inscrição online, através deste link.
As pessoas são agrupadas por faixas etárias e situações. Há um grupo para crianças, um para adolescentes entre 12 e 17 anos, um para idosos e outro para cuidadores. Os grupos para jovens tratam do acolhimento e comunicação das emoções, enquanto os grupos para adultos e idosos abordam o autocuidado.
Às terças-feiras, às 14h15, ocorrem as atividades do grupo Sessenta e fala. O grupo para adolescentes é conduzido nas quintas, às 15h. Crianças e adultos são acolhidos nas sextas-feiras, às 14h.
“Temos diferentes aprofundamentos de acordo com a idade. No grupo das crianças, assistimos o filme Divertidamente para elaborar o que aparece nesse momento. O grupo dos adolescentes tem a mesma lógica, mas está mais voltado para a regulação emocional”, diz Marina Severo.
As participantes do grupo buscam o espaço para desabafar e encontrar novas pessoas. “Tenho minha casa, moro sozinha, me determino. Sinto que estou bem. Venho para o grupo para compartilhar e conversar”, explica a aposentada Ivone Rafael.
“Não há limite de vagas, quanto mais gente melhor. Vamos construir em conjunto. Não tem limite”, destaca a psicóloga.
A ideia da coordenação do curso de Psicologia da UniRitter é manter a ação durante todo o semestre, e trabalhar para transformar os grupos em uma iniciativa fixa da universidade. Em Porto Alegre, a universidade serviu de abrigo para pessoas desalojadas após a enchente. Em Canoas, o campus abrigou médicos que vieram atender pessoas atingidas pelas cheias.
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