O lançamento de um novo edital para que uma entidade assuma a gestão do Hospital Universitário (HU) gera enorme expectativa em Canoas. Isso porque, desde o ano passado, se espera que uma empresa garanta a administração e dê fim no que se convencionou chamar de “crise” na casa de saúde.
Conforme o documento publicado no Diário Oficial, a entidade que vencer a licitação ficará responsável pela operacionalização e execução das ações e dos serviços de saúde do hospital. A vigência será por um período de 60 meses ou até a concretização da parceria público-privada (PPP), que permanece em fase de elaboração.
Segundo o secretário de Saúde de Canoas, Felipe Martini, a entidade vencedora do edital vai garantir a prestação do serviço por um valor de R$ 16 milhões ao mês, considerado ideal para manter a casa de saúde funcionando a pleno. São R$ 2 milhões a mais que o último edital elaborado e posteriormente descartado pelo Município.
“Precisamos resolver de uma vez a questão da gestão do HU e queremos começar 2024 com uma nova gestora”, salienta Martini. “Acreditamos que esse seja o valor ideal para garantir uma boa administração ao hospital e montamos um edital antipicaretagem, porque precisamos de uma empresa séria à frente do Hospital”.
O documento, o secretário explica, foi cautelosamente elaborado durante meses, sendo pensado tendo em mente o atendimento da população por meio de uma gestão administração e financeira, ao mesmo passo da importante capacidade técnica necessária para garantir a prestação de serviços no Universitário.
“Assumimos a saúde de Canoas há seis meses com a casa virada em uma bagunça”, aponta. “Aos poucos, fomos mostrando serviço e recuperando a credibilidade, de modo que o edital foi elaborado cuidadosamente pensando não apenas na capacidade técnica, mas também financeira necessária para mantê-lo funcionando a pleno”.
Mutirões para salvar vidas
Foi em outubro que o Hospital Universitário deu início a uma série de procedimentos de hérnia e vesícula. Desde então, são 20 procedimentos por semana e 100 operações por mês.
Além destes procedimentos, também houve o incremento no início deste mês com um mutirão de cateterismo cardíaco para 25 pacientes que já estão com todos os procedimentos pré-operatórios finalizados.
O secretário Martini defende que esse trabalho só é possível graças a atualização da demanda por meio do programa Canoas + Saúde, já que antes do cadastro os pacientes eram procurados, mas não eram achados.
“O trabalho está sendo organizado de modo a atender de imediato quem mais precisa”, explica. “Antes gastávamos um enorme esforço correndo atrás de pessoas que por vários motivos já nem aguardavam o procedimento”.
O trabalho de recadastramento segue até o dia 30 de novembro, o secretário avisa, sendo importante a quem não atualizou o quadro, seja para um procedimento, exame ou consulta, que procure as unidades do Município.
“Estamos conseguindo uma comunicação rápida e fácil com pacientes por meio do WhatsApp, mas para isso precisamos do recadastramento das informações e da garantia de que a prestação do atendimento continua sendo necessária”, adverte.
Agenda positiva em Brasília
O chamado Teto MAC representa a verba repassada pelo Governo Federal para custear ações e serviços de saúde na média e alta complexidade nos estados e municípios. Durante agenda em Brasília junto ao prefeito Jairo Jorge, Martini apontou que o complemento de R$ 1,2 milhão mensal garantido pelo Ministério da Saúde (MS) serviu para dar novo fôlego à saúde do HU.
“A agenda foi extremamente positiva”, diz. “O Ministério entendeu a importância do incremento e oficializou uma portaria que para Canoas representa um fôlego extra na manutenção dos serviços prestados à população. Agora, enfim, podemos respirar um pouco diante do quadro de perdas financeiras, principalmente para o HU, que foram observadas desde o início do ano”, acrescenta.
Edital cancelado
Foi há quase exatamente um ano que o então prefeito Nedy de Vargas Marques assinou o lançamento de um edital para contratação de uma nova empresa gestora para o Hospital Universitário.
O edital, contudo, acabou sendo cancelado dias antes da abertura das propostas. Isso porque a gestão em saúde avaliou que seria necessária uma readequação da proposta, já que o valor de R$ 14 milhões não seria suficiente para manter a casa de saúde funcionando.
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Na época, vale lembrar, a Prefeitura de Canoas assumiu a gestão do Hospital Universitário após a Funam (então gestora) ter paralisado o atendimento de cirurgias eletivas, a compra de insumos e de disponibilizar leitos. Até mesmo a Unidade de Pediatria fechou devido à falta de profissionais.
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