Recomeço
"Povo do Mathias Velho tem muita força de vontade", defende empresário do bairro
Três meses após o começo das enchentes, comércio no bairro Mathias Velho se reergue e movimenta a própria população ainda impactada
Última atualização: 01/08/2024 12:49
Há três meses, uma chuva volumosa e incessante atingia Canoas e mudava o cenário da cidade de maneira trágica. Os rompimentos dos diques e o consequente avanço das águas tirou a população de casa e ceifou vidas.
A loja Fachi – Materiais de Construção, por exemplo, acabou se tornando umas das primeiras a reabrir o negócio, visando não apenas contornar os prejuízos, mas, também, garantir auxílio no processo de reconstrução.
Como lembra o empresário Alisson Fachi, houve uma força-tarefa para que a loja voltasse a abrir somente duas semanas após o recuo da água. Isso porque houve o entendimento que o retorno era um símbolo necessário.
“É claro que com tudo o que aconteceu, a vontade era só virar as costas e ir embora, mas a gente pensou que não seria justo com os moradores”, explica. “Acreditamos que a Fachi, se abrisse, seria um símbolo de que as coisas melhorariam”.
Com 100 funcionários na folha de pagamento, Alisson aponta que somente cinco acabaram não sendo impactados pela tragédia. Todos arregaçaram as mangas e tornaram possível a reabertura em tempo recorde de duas semanas.
“Povo do Mathias Velho tem muita força de vontade”, elogia. “Tenho só a agradecer o empenho do pessoal, porque graças ao empenho de cada um hoje voltamos a ser protagonistas nesta reconstrução do bairro”.
Limpeza após mutirão
Rodrigo Vargas também retornou à base de muita força de vontade. Proprietário de uma barbearia na Rua Florianópolis, conseguiu recuperar até mesmo a enorme estátua do Hulk que chamava os clientes para o negócio.
“O Hulk estava em um depósito há meses, mas finalmente consegui trazer de volta”, explica. “Gurizada se movimentou e felizmente estamos recuperando nossa antiga clientela”.
O proprietário explica que os comerciantes da área se uniram e promoveram a limpeza do local muitos que as máquinas da Prefeitura de Canoas chegassem até o ponto. Isso porque o otimismo era necessário.
“O pessoal se uniu para fazer a diferença e o resultado é que muita gente retomou os negócios e está recuperando os prejuízos”, observa. “Quem vive no Mathias Velho sabe o trabalho que a gente passou. O negócio agora é olhar para frente”.
Sem pressa
Atendente de uma loja de vestuário, Anelise Brandão reclama somente que o movimento, infelizmente, ainda é pequeno no estabelecimento. E isso não tem relação nenhuma com a enchente que atingiu o local.
“Quem vende roupas, precisa do tempo firme e estação bem definida para faturar, mas isso não acontece mais”, opina. “Uma hora a gente cara friaca e depois está suando no calar de 30º. Isso não faz bem para os negócios”.