Os consórcios mantidos entre criminosos para abastecer o mercado da ilegalidade com drogas e entorpecentes criam a necessidade por grandes espaços para armazenamento do material ilícito. Por isso, depósitos e galpões são alvos constantes de ações policiais mirando grandes apreensões.
Eis a razão pelo qual a Polícia Civil foi surpreendida, na tarde desta terça-feira (16), ao encontrar mais de uma tonelada de maconha que estava armazenada em uma residência, aparentemente acima de qualquer suspeita, no bairro Mathias Velho, em Canoas.
A ação coordenada pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), em parceria com a Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro (DRLD), levou os agentes até um endereço onde criminosos esconderiam entorpecentes, conforme a denúncia anônima passada à Polícia Civil.
Os policiais começaram a vigiar a casa, quando perceberam a movimentação de um homem que carregava um pequeno fardo que suspeitaram ser de entorpecentes em uma caminhonete Fiat Doblo. Os agentes entraram em ação e deram voz de prisão ao suspeito.
A surpresa veio na sequência: ao entrar na casa, os policiais perceberam que não havia móveis. Apenas tijolos de maconha espalhados por cada cômodo da pequena casa, totalizando 1,2 tonelada, conforme explica o delegado Wagner Dalcin, que chefia a Divisão de Inteligência Policial e Análise Criminal (Dipac).
“A casa estava vazia e só havia entorpecentes em todos os cômodos”, explica. “Não é algo comum que 1.200 quilos de maconha estejam em uma casa. Em geral, as facções utilizam depósitos”, completa.
O suspeito preso tratava-se de um catarinense que estaria de passagem por Canoas. Embora ele não tenha dito nada em depoimento, a suspeita da polícia é que o entorpecente fosse distribuído durante as próximas semanas na Região Metropolitana.
“Todo o material estava disposto em fardos de plástico”, aponta o delegado. “Imaginamos que a maconha seria distribuída nos próximos dias e a ação policial acabou interceptando os negócios antes da conclusão”, frisa.
Casal escapou
Conforme o delegado, no momento da ação policial, havia um casal na casa. Eles estariam embalando os entorpecentes. Conseguiram fugir pulando muros e cercas de pátios das casas no momento em que os policiais prenderam o catarinense.
“A própria geografia da área acabou prejudicando que achássemos os suspeitos”, esclarece Dalcin. “Porém, a investigação continua e vamos atrás do casal que estava por trás deste grande carregamento”, avisa.
Aliança perigosa
O montante de 1,2 tonelada de maconha encontrada em Canoas responde pela terceira maior apreensão do ano registrada pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico.
Em agosto, o Departamento já havia garantido em Canoas a maior apreensão de cocaína do ano, quando um total de 116 quilos de pó branco foram encontrados durante uma operação no bairro Igara.
Conforme o delegado Wagner Dalcin, foi observado pela polícia a circulação de uma quantidade maior de drogas e entorpecentes em Canoas. Isso porque a aliança de uma facção local com uma organização do Vale dos Sinos tem sido sinônimo de expansão dos negócios em Canoas.
“A medida que criminosos locais se aliam a uma grande facção, conhecida em todo o Estado, há o incremento superior de drogas e entorpecentes que circulam pela cidade”, esclarece.
Dalcin garante que a Polícia Civil está atenta a movimentação e vai continuar agindo para coibir os crimes e levar à cadeia os criminosos que mantém a cadeia que sustenta o tráfico.
“Canoas fica ao lado de Porto Alegre e observamos que se tornou um importante centro para a distribuição de drogas e entorpecentes na visão da facção do Vale dos Sinos”, reforça. “Estamos trabalhando para frear esse movimento e diminuir a circulação do material ilícito”.
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