Perigo
Piranhas voltam a assustar a comunidade pesqueira que vive na Prainha do Paquetá
Após um hiato de quase um ano, palometas voltaram a ser vistas no Rio dos Sinos. Pescado tem sido reduzido, apontam trabalhadores. "A gente encontra os peixes faltando pedaços nas redes", conta o pescador Evair Lopes
Última atualização: 07/03/2024 16:14
O peixe anda sumindo do Rio dos Sinos. Pescadores que antes tiravam até 20 kg de peixe por dia de pescado d'água, hoje não conseguem mais que 3 kg. Culpa das palometas, que após um hiato de um ano, voltaram a atacar.
Espécie de piranha oriunda do Rio Uruguai, as palometas avançaram pelo Rio Jacuí em 2020 e chegaram a vários pontos do Rio dos Sinos. Prejudicam desde então a vida de muitos pescadores, como Evair Lopes, trabalhador da Prainha do Paquetá que até deixou de colocar linhas na água durante o dia.
"Eu só consigo pescar à noite, porque a gente encontra os peixes faltando pedaços nas redes quando coloca na água durante o dia", relata. "Os bichos são brabos e devoram o que veem pela frente. Sobra quase nada".
Ainda segundo o pescador, há também as palometas que ficam presas na rede e desse modo comprometem o material. Ele conta que o irmão, ao tentar tirar uma, viu parte do dedo ser rasgada pela piranha em poucos segundos.
"Se ele não conseguisse tirar, ela arrancava o dedo fora diz. O bicho é desgranido e fica difícil até de tirar da rede", explica. "Se continuar assim, a gente não vai mais conseguir pescar porque vai acabar o peixe em pouco tempo", lamenta.
O também pescador no Paquetá, José Antônio Souza, 63 anos, diz que é necessário se contentar com os "mandinhos", como chama os peixes menores, por serem mais rápidos.
"Pesco às vezes no Jacuí, Gravataí ou no Sinos e nos três eu encontrei palometas durante a pescaria. Então só consegui tirar da água mandinhos, porque os peixes maiores aparecem já com parte devorada".
Um risco para os desavisados
Aos 72 anos, João Luiz Nazário andava com vontade de voltar a pescar há algum tempo. Porém, o aposentado andava ocupado demais com as tarefas no pequeno sítio em que vive. Resolveu retomar a atividade na manhã desta terça-feira (9).
Foram necessários somente caniço, linha, anzol e um punhado de minhocas para que Nazário se sentisse novamente como um pescador. O problema é que, desavisado, não conseguia entender como não tirava nada da água.
"Parece que desaprendi, porque não nem mordem a isca", desabafou o aposentado. Ao ser informado pela reportagem da infestação de palometas no Sinos, tratou de sair da água e recolher o material.
"Tinha que ter razão para eu não conseguir pescar mais nada".
Sem solução fácil
Responsável pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Bernardo Caron aponta que o problema não tem solução fácil. O Município já está em contato com o Estado na tentativa de achar uma possível saída para o problema.
"A palometa é um predador natural oriundo do Uruguai e não há em nossa bacia hidrográfica um predador que seja capaz de afugentá-la", explica. "Estamos monitorando a situação enquanto conversamos com autoridades do Estado para saber que medida pode ser tomada".
Conforme o secretário, a solução precisa ser regional, tendo em vista que o problema atinge também as bacias do Jacuí e do Gravataí, e não apenas as águas banhadas pelo Rio dos Sinos.
"Por enquanto, não há lutar contra a presença das palometas", frisa. "Será necessário um estudo muito sério em cima do assunto porque não temos este tipo de predador em nossas águas e a própria natureza deveria fazer algo para manter o equilíbrio, mas não sabemos quanto tempo isso pode demorar".
O peixe anda sumindo do Rio dos Sinos. Pescadores que antes tiravam até 20 kg de peixe por dia de pescado d'água, hoje não conseguem mais que 3 kg. Culpa das palometas, que após um hiato de um ano, voltaram a atacar.
Espécie de piranha oriunda do Rio Uruguai, as palometas avançaram pelo Rio Jacuí em 2020 e chegaram a vários pontos do Rio dos Sinos. Prejudicam desde então a vida de muitos pescadores, como Evair Lopes, trabalhador da Prainha do Paquetá que até deixou de colocar linhas na água durante o dia.
"Eu só consigo pescar à noite, porque a gente encontra os peixes faltando pedaços nas redes quando coloca na água durante o dia", relata. "Os bichos são brabos e devoram o que veem pela frente. Sobra quase nada".
Ainda segundo o pescador, há também as palometas que ficam presas na rede e desse modo comprometem o material. Ele conta que o irmão, ao tentar tirar uma, viu parte do dedo ser rasgada pela piranha em poucos segundos.
"Se ele não conseguisse tirar, ela arrancava o dedo fora diz. O bicho é desgranido e fica difícil até de tirar da rede", explica. "Se continuar assim, a gente não vai mais conseguir pescar porque vai acabar o peixe em pouco tempo", lamenta.
O também pescador no Paquetá, José Antônio Souza, 63 anos, diz que é necessário se contentar com os "mandinhos", como chama os peixes menores, por serem mais rápidos.
"Pesco às vezes no Jacuí, Gravataí ou no Sinos e nos três eu encontrei palometas durante a pescaria. Então só consegui tirar da água mandinhos, porque os peixes maiores aparecem já com parte devorada".
Um risco para os desavisados
Aos 72 anos, João Luiz Nazário andava com vontade de voltar a pescar há algum tempo. Porém, o aposentado andava ocupado demais com as tarefas no pequeno sítio em que vive. Resolveu retomar a atividade na manhã desta terça-feira (9).
Foram necessários somente caniço, linha, anzol e um punhado de minhocas para que Nazário se sentisse novamente como um pescador. O problema é que, desavisado, não conseguia entender como não tirava nada da água.
"Parece que desaprendi, porque não nem mordem a isca", desabafou o aposentado. Ao ser informado pela reportagem da infestação de palometas no Sinos, tratou de sair da água e recolher o material.
"Tinha que ter razão para eu não conseguir pescar mais nada".
Sem solução fácil
Responsável pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Bernardo Caron aponta que o problema não tem solução fácil. O Município já está em contato com o Estado na tentativa de achar uma possível saída para o problema.
"A palometa é um predador natural oriundo do Uruguai e não há em nossa bacia hidrográfica um predador que seja capaz de afugentá-la", explica. "Estamos monitorando a situação enquanto conversamos com autoridades do Estado para saber que medida pode ser tomada".
Conforme o secretário, a solução precisa ser regional, tendo em vista que o problema atinge também as bacias do Jacuí e do Gravataí, e não apenas as águas banhadas pelo Rio dos Sinos.
"Por enquanto, não há lutar contra a presença das palometas", frisa. "Será necessário um estudo muito sério em cima do assunto porque não temos este tipo de predador em nossas águas e a própria natureza deveria fazer algo para manter o equilíbrio, mas não sabemos quanto tempo isso pode demorar".
Espécie de piranha oriunda do Rio Uruguai, as palometas avançaram pelo Rio Jacuí em 2020 e chegaram a vários pontos do Rio dos Sinos. Prejudicam desde então a vida de muitos pescadores, como Evair Lopes, trabalhador da Prainha do Paquetá que até deixou de colocar linhas na água durante o dia.