HORA DE VIAJAR
Passagens de avião estão mais caras? Veja avaliação de quem passa pelo Aeroporto Salgado Filho
Conforme o IBGE, inflação chegou a 48,11% no IPCA-15, a maior alta desde 2011 no setor
Última atualização: 04/01/2024 16:17
O preço das passagens aéreas nunca foi tão caro. Pelo menos é o que pensam muitos que aproveitaram para passar a virada do ano bem longe de casa neste final de ano. Isso porque o aumento é visível e percebido por clientes de praticamente todas as companhias aéreas que circulam pelo Aeroporto Salgado Filho.
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Morador de Brasília, o engenheiro Cristiano Furtado, 46 anos, resolveu passar o Natal e ano novo em Gramado com a mulher, o filho recém-nascido, e um casal de amigos. Só não imaginava ter que desembolsar o dobro do valor na hora de comprar as passagens.
“O preço que paguei pelas passagens em dezembro já era bem maior que aquele quando planejei a viagem”, explica. “Só que agora, para retornar para Brasília, houve um acréscimo significativo em cada passagem. Não imaginava que subiria tanto”, complementa.
A situação preocupa o mercado, segundo especialistas, que apontam a maior alta no setor desde 2011. No acumulado até dezembro de 2023, a passagem aérea registrou inflação de 48,11% no IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).
Os dados do IPCA-15 foram divulgados na última quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que durante a divulgação apontou que o aumento percentual da passagem aérea chegou a 53,1%.
O aumento das passagens seria consequência de um cenário de retomada da demanda por viagens ao longo do ano, após as restrições a deslocamentos impostas pelo isolamento causado durante o período da pandemia de Covid-19, quando as companhias sofreram perdas bilionárias.
Nara Gonçalves desembolsou quase R$ 900 de passagens para sair, em plena véspera de Natal, do Rio de Janeiro em direção a Porto Alegre, onde encontraria os pais e a irmã. A professora aposentada de 59 anos conta que costumava pagar até R$ 690 entre ida e volta.
“Aumentou demais e está ficando muito difícil para quem quer se deslocar pelo Brasil”, reclama. “Já consegui passagens a preços promocionais por até R$ 180 para sair do Rio para Porto Alegre, mas não existe mais nada disso. O preço não para de crescer desde o começo do ano passado”, afirma.
Organização
A servidora pública Izionara Gomes, 48 anos, resolveu dar um presente para a mãe e a irmã, saindo do Espírito Santo para trazer ambas até as belezas do Natal em Gramado. Acabou sendo surpreendida com a alta das passagens às vésperas do Natal.
“Planejei bem a viagem, mas se eu tivesse me organizado um pouco mais, teria comprado as passagens com mais antecedência”, observa. “Eu não estava mais acostumada a ver os preços oscilando desse jeito. Não imaginei que subiria tanto. Eu confesso que nunca vi as passagens tão caras”.
Já o aposentado Eduardo Athaydes, 69 anos, comprou antes da metade do ano as passagens para curtir o ano novo com a mulher na Bahia. Acabou pegando um preço ainda em conta e bem longe da alta procura nesta época do ano.
“Sempre viajei planejando com muita antecedência”, explica. “Se a gente deixa para comprar na última hora, acaba meio refém das companhias, que podem cobrar o quanto quiser devido à demanda”, acrescenta.
Voa Brasil
O patamar dos preços das passagens de avião preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que há duas semanas chegou a dizer que os preços das passagens no Brasil “não têm explicação”.
O governo tenta achar alternativas para o setor. Uma delas é o programa Voa Brasil, cujo lançamento deve ficar para o início deste ano, visando tabelar a R$ 200 passagens para grupos de estudantes e aposentados.
A medida, em acordo com as companhias, garantiria valores mais acessíveis para bilhetes adquiridos duas semanas antes das viagens, oferta para compras em determinados dias da semana, aumento na oferta de voos e ampliação da frota aérea.
Inicialmente previsto para ser lançado no ano passado, o programa acabou sendo adiado diversas vezes, com lançamento previsto até o final deste mês, segundo o Governo Federal.