Iniciativa

Para devolver a alma de escolas alagadas, grupo busca doações de livros para bibliotecas

Grupo Ponto e Virgula é formado por grupo de amigas, que espalhou caixas para doações em pontos estratégicos da cidade; saiba onde doar

Publicado em: 18/06/2024 11:45
Última atualização: 18/06/2024 15:01

Ao colocar um exemplar da obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em uma simples caixa de papelão, a professora de literatura Patrícia Amaral deposita a esperança na reconstrução de uma cidade ainda abalada pela tragédia.

Amigas do Ponto e Vírgula promovem importante iniciativa pela recuperação das bibliotecas em Canoas Foto: PAULO PIRES/GES

"Eu sei o quanto roupas e mantimentos são importantes para quem perdeu tudo, mas também é preciso arrecadar livros”, afirma a professora. “Porque uma escola sem livros, com objetos palpáveis, é uma escola sem alma”.

Com o lema ler é reconstruir, o grupo Ponto e Vírgula está se empenhando em garantir doações de livros para auxiliar as bibliotecas públicas que perderam o acervo durante as cheias que atingiram Canoas no mês passado.

A ideia não poderia ser mais simples e, ao mesmo tempo, eficaz: por meio de caixas colocadas em pontos estratégicos da cidade, as voluntárias arrecadam livros que vão parar nas estantes das instituições que acabaram inundadas.

Também voluntária, a estudante de fisioterapia e, nas horas vagas, leitora voraz Thais Hardt explica que a iniciativa partiu de um grupo de amigas impactado com a tragédia, mas que observou poder atuar em outro fronte na reconstrução de Canoas.

“A gente tem esse carinho pelo livro que foi incentivado desde criança”, observa. “Então imaginamos que isso não pode ser perdido e começamos a nos esforçar para arrecadar o máximo de livros para aquelas 40 escolas que acabaram debaixo d’água no mês passado”.

A escritora Bruna Tessuto afirma que a ideia não poderia ser mais acertada e garantiu a participação na iniciativa de outros escritores.

"Tem um amigo meu, o escritor Paulo Roberto Farias, que diz que até o que lemos é autobiográfico, pois dentro de um livro existem partes que nos fizeram sorrir, chorar, odiar e isso está ligado com a nossa história de vida. Dentro disso, perder toda uma coleção de livros é perder um pouco de nós mesmos", disse.

Já a estudante de jornalismo Júlia Schneider reforça que a iniciativa não é voltada ao descarte e somente livros em bom estado serão aceitos para serem usados pelos estudantes posteriormente.

“A ideia posteriormente é ajudar também os leitores que perderam suas coleções”, avisa. “Foi uma amiga nossa que é uma das idealizadoras do projeto, a Isabel Pozzo, que perdeu ela mesma a coleção e deu ideia que serviu de inspiração para todas nós”.

Carinho

Proprietária da Pandorga Livros, um dos principais pontos de coleta criados pelo grupo, a veterana Lucia Barcelos lembra que os livros mexem com sentimentos e momentos de cada um. Muitas perdas, nesse sentido, não serão reparadas, já que se tratavam de obras colecionadas durante uma vida e com enorme valor afetivo.

“Houve aqueles leitores que perderam uma edição especialmente autografada e também aqueles que acabaram sem a coleção que criaram, com muito esforço, ao longo de uma vida”, diz. “Essa iniciativa é importante por acolher e abraçar a cultura de uma maneira muito especial”.

Confira onde estão os pontos de coleta para o público externo:

Fomeria - Rua Dr. Barcelos, 230 - Centro, Canoas;
Motorhub - Rua Gurupi, 511 - Igara, Canoas;
Livraria Cultural - R. Muck, 331 - Centro, Canoas;
Livraria Pandorga - Rua Frederico Guilherme Ludwig, 370 - Centro, Canoas;
Estúdio Edmara Hoff - Rua General Salustiano, 391 - Marechal Rondon, Canoas;
Darkness Studio - Rua Coronel Vicente, 429. Sala 305. - Centro, Canoas.

E os pontos de coleta nas escolas?

Há pontos de coleta para o público interno do Colégio La Salle Canoas; Colégio Maria Auxiliadora; Colégio Leonardo Da Vinci Gama.

Se preferir, tem vaquinha

Quem preferir, pode colaborar na vaquinha virtual que pode ser acessada a qualquer momento no link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ponto-e-virgula-ler-e-reconstruir.

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