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CULTURA

Nos bastidores dos Titãs: O cantor da região que ganha a vida fazendo os outros cantarem

Gilberto Chaves é um dos principais nomes por trás da turnê de despedida da banda Titãs, que ocorre na noite desta quarta-feira

Publicado em: 13/12/2023 às 10h:27 Última atualização: 02/01/2024 às 16h:21
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A banda Titãs se apresentou na noite desta terça (12) no Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre, e repetirá a dose nesta quarta-feira (13). Tudo parte da turnê “Titãs Encontro – Pra dizer adeus”, que marca a despedida de um dos maiores expoentes do rock brasileiro nos palcos.

Gilberto Chaves recuperou a voz de Branco Mello, segundo o próprio músico dos Titãs



Gilberto Chaves recuperou a voz de Branco Mello, segundo o próprio músico dos Titãs

Foto: ARQUIVO PESSOAL

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E nos bastidores da grande show estará o canoense Gilberto Chaves, que embora o grande público não conheça, é peça-chave na garantia de uma apresentação de gala da banda. Isso porque o fonoaudiólogo e preparador vocal é responsável pela plenitude das vozes ouvidas no palco.

Aos 44 anos, Gilberto ganhou notoriedade no cenário musical ao recuperar a capacidade vocal de Branco Mello. O músico passou por cirurgias para retirada de tumores na garganta e na língua, deixando o prognóstico muito delicado para a recuperação da voz cantada. 

“Imagine que o Branco perdeu metade da laringe”, explica Gilberto. “Então a previsão após a cirurgia é que a carreira dele como cantor poderia ter encerrado, mas conseguimos criar um trabalho de recuperação vocal que garantiu uma nova voz ao Branco”.

A turnê que passa pela Capital reúne a formação clássica dos Titãs, com Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin, Paulo Miklos, Branco Mello, Sergio Britto e Tony Bellotto. Mello elogiou o trabalho de Gilberto em entrevistas antes de dar início às apresentações.

“Minha vida era cantar e eu estaria feliz nem que fosse apenas tocando baixo e celebrando minha volta aos palcos”, disse o músico. “Ao longo do processo de recuperação, a Angela [esposa de Branco] me apresentou Gilberto Chaves. Ele é cantor lírico, fonoaudiólogo e achou que eu poderia voltar a cantar”, completou.

Mesmo antes de ajudar Branco a voltar a cantar, Gilberto já era um veterano dos palcos, com um currículo como cantor lírico e também participações em grandes musicais, como “O Fantasma da Ópera” e “A Bela e a Fera”, apresentados em São Paulo.

A interação com os Titãs, no entanto, abriu portas. Envolvido com a turnê da banda até o encerramento em março, ele conta que precisou dar um tempo na própria carreira, mas garantiu que quer voltar a cantar novamente.

“Hoje sou um cantor que faz os outros cantarem”, brinca. “Minha rotina inclui pensar, junto com a esposa do Branco, até no café da manhã ideal para ele cantar melhor à noite. A experiência tem sido incrível e tem garantido muitos convites, mas, espero, sim, poder voltar a cantar em breve”.

Retribuição

Um dos poucos profissionais que existem no Brasil unindo formação em canto lírico e Fonoaudiologia, Gilberto usa toda a experiência que tem para também dar aulas gratuitas por meio do canal Lugar da Voz, com mais de 20 mil seguidores.

Ele conta que por ter um passado humilde e ter recebido a oportunidade de estudar de graça com a veterana Gisa Volkmann em Porto Alegre e Eliane Sampaio no Rio de Janeiro, procura retribuir e colaborar com jovens talentos Brasil afora.

“Dou aulas de graça com o maior prazer”, relata. “Sempre achei que tenho de retribuir o que recebi e, por meio do canal, consegui conhecer artistas de todo o Brasil. Conheci talentos que participaram do The Voice e outros programas seguindo minhas dicas e orientações. Sinto orgulho disso”.

Lições na matriz

Tendo vivido a maior parte da vida em Canoas, Gilberto diz ter começado a carreira cantando no coral da cidade. As primeiras lições na Paróquia São Luís Gonzaga permanecem para sempre na memória.

Hoje vivendo em São Paulo, relata que foi a partir de orientação de Gisa Volkmann que buscou sair do Estado para estudar e aperfeiçoar o trabalho vocal que ama desde criança.

“Cresci em Canoas e sempre que volto à cidade para ver os meus pais, só tenho lembranças boas”, observa. “Saí para crescer profissionalmente, mas aqueles primeiros cantos no coral da matriz vão estar sempre comigo”.

Ao falar da movimentada rotina nos bastidores da música, ele admite ter colaborado com talentos como a humorista Dani Calabresa, o ator Daniel Boaventura e a roqueira Pitty, entre outros.

“A Pitty estava com dificuldade na voz para se apresentar no The Town e corri para lá para ajudá-la. Consegui e ela garantiu uma grande apresentação durante a noite de espetáculo”, explica.

Preparo e talento

Desde a tenra infância com o sonho de ser cantor, Gilberto diz não ter sido fácil. Isso porque muita gente o desmotivava por acreditar que ele não teria talento para cantar.

Contra todos os prognósticos, se preparou muito até se tornar cantor lírico. Tem memória especial do período em que atuava na Ospa em Porto Alegre e também quando se tornou integrante do Coral do Theatro Municipal de São Paulo entre 2015 e 2018.

“Há muitas pessoas com talento, mas que não desenvolvem o potencial por uma série de motivos”, frisa. “Quando me dizem que cantar agudo é talento, respondo que é preparação. Treinei muito e consegui. Então acho que tenho lugar de fala”.

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