Cheia do Rio Caí

Número de pessoas fora de casa devido à cheia não para de crescer em Santa Rita

Um total de 600 casas já foram atingidas. Até mesmo aquelas que serviam de abrigo no início da semana estão cheia de água. "Tive que sair da casa da minha irmão quando a casa dela inundou também", conta moradora

Publicado em: 22/11/2023 17:20
Última atualização: 22/11/2023 17:21

Era madrugada de terça-feira (21) quando Vanessa dos Santos Drumm precisou arrumar tudo em casa para fugir com o marido e os filhos da água que inundava a residência, localizada no bairro Berto Círio, em Nova Santa Rita.

Situação em Nova Santa Rita permanece alarmante nesta quarta-feira (22) devido à cheia do Rio Caí Foto: PAULO PIRES/GES
Ela buscou abrigo na casa da irmã. Porém, acabou sendo surpreendida quando a água invadiu também o local que seria de ponto seguro para as crianças na madrugada desta quarta-feira (22).

“Só sobrou para a gente vir para o abrigo da Prefeitura”, relata. “Conseguimos tirar de casa a cama, a geladeira e algumas roupas, mas o resto ficou para trás. Está tudo debaixo d’água”, desabafa.

A situação de Vanessa é semelhante à de centenas de outros moradores da cidade afetada pela cheia do Rio Caí desde o início da semana. São 600 residências atingidas, segundo a Defesa Civil. Mais 300 famílias precisaram abandonar suas moradias.

Conforme a Prefeitura de Nova Santa Rita, esta é maior enchente já vivida pela cidade, com o Caí chegando a marca de 7 metros, conforme a medição, ultrapassando os 5,90 metros vistos na marcante cheia de 2015.

Bem longe do bairro Berto Círio, Giovani Figueiró, 41 anos, observou a casa em que vive no Porto da Figueira ser tomada em minutos pela água. Ele relata que o rio invadiu a residência durante a madrugada de segunda-feira.

“A água entrou já quase na altura da janela e molhou tudo dentro de casa”, lamenta. “A gente saiu do jeito que dava e desde então voltamos para ver a situação. É complicado porque a água já bate no peito. Está muito perigoso de voltar. Se caio em um buraco, acabo me afogando”.

Tristeza

Morando há décadas em Nova Santa Rita, o aposentado José Cláudio Szczepaniak disse nunca ter visto nada semelhante na cidade. Não imaginava que um dia teria que sair de casa sem saber ao certo quando voltar.

“A gente já teve cheias em Nova Santa Rita, mas nunca houve nada parecido”, afirma. “Saí correndo no meio da madrugada de casa e ainda não consegui voltar. É uma angústia muito grande saber que tudo que eu tenho está apodrecendo debaixo d’água”.

“É triste ver as pessoas perdendo tudo que tem”

Funcionário da Prefeitura de Nova Santa Rita, Roque Finatto está desde a segunda-feira resgatando pessoas em meio a cheia com um pequeno trator que serve de transporte seguro.

O trabalhador disse ter observado com tristeza o desespero por parte da população que, mesmo contra a vontade, precisou abandonar pertences para salvar a própria vida ou a de crianças e parentes.

“É triste ver as pessoas perdendo tudo que tem”, suspira. “Começamos na segunda-feira os resgates e dois dias depois ainda dói a gente ver a situação das pessoas. Porque a maioria já tem bem pouco e ainda assim acaba sem nada”, lamenta. “Tem casas que só se vê o telhado”.

Falta de energia

A situação no bairro Morretes também é desesperadora para os moradores. Isso porque somada a cheia está a falta de luz. São centenas de casas sem energia elétrica desde segunda-feira. Tudo porque a água já tapou a altura dos medidores de luz.

Giovana Mendes aponta que mesmo aqueles que não tiveram a casa atingida pela água, continuam sem luz, o que é um problema até para aqueles que estão abrigando vizinhos. Ela mesma já tentou ligar para a concessionária para tentar um posicionamento, mas ainda não foi possível.

“Imagine que a situação já está complicada por causa dos alagamentos, mas a gente sem luz piora tudo. Acho que dava para chegar um meio termo para não deixar o bairro inteiro no escuro. Do jeito que está, os moradores têm dificuldade até para se ajudar”.

Estrutura para as vítimas

Secretário de Segurança e um dos coordenadores da Defesa Civil em Nova Santa Rita, Moacir Godoi aponta que todas as forças estão concentradas em tentar diminuir o impacto que vem sendo sofrido pela população durante a cheia.

Há três endereços servindo para o acolhimento da população afastada de casa: um assentamento área rural; um CTG no bairro Morretes e um galpão no bairro Berto Círio.

O galpão está no Berto Círio, por exemplo, está abrigando 36 pessoas, garantindo roupas secas, produtos de higiene mais todas as refeições necessárias a adultos e crianças, garante o secretário.

“A Prefeitura de Nova Santa Rita está fazendo tudo para ajudar quem precisa. Nós vamos manter a estrutura o quanto for necessário”, avisa. “O momento é ímpar e a população necessita de auxílio imediato”.

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