Desde 1995, Dione Moura da Silva, 70 anos, dedica seus dias ao trabalho na ONG que auxilia famílias canoenses a reestruturar suas vidas. De cestas básicas a cadeiras de rodas, quem precisa de qualquer tipo de auxílio sabe que pode buscar a Dione do bairro Mathias Velho.
“Nós temos mais de 5 mil famílias cadastradas, ultrapassa o número de 10 mil pessoas auxiliadas”, conta Dione. Mas não é preciso estar cadastrado para receber ajuda. Hoje, Dione trabalha atendendo as situações caso a caso.
A ONG Centro de Defesa da Mulher, Infância e Juventude Shalon Adonai sobrevive a partir da caridade: há empresas mantenedoras da entidade, e doações da comunidade em geral também são bem-vindas. Além das doações, a ONG conta com advogados, médicos e empresários parceiros.
“Criei a ONG para trabalhar com crianças, mas 90% dos nossos casos hoje são de violência contra a mulher”, lembra Dione. “Nós reestruturamos as famílias. Quando uma mãe é violentada, atrás dessa mãe tem as crianças, e cuidamos para que elas continuem nos bancos escolares. Não deixamos faltar alimento e seguimos prestando assistência à mãe.”
A inspiração para o trabalho de Dione veio de sua própria história de vida. Durante a infância, ela esteve em situação de rua, e decidiu ajudar outras famílias se um dia conseguisse melhores condições de vida. Ela chegou a sofrer violência sexual quando vivia nas ruas, aos sete anos de idade.
“Eu não fui moradora de rua, fui menina de rua, uma criança. Fiz uma promessa de que, no dia que eu tivesse uma casa e uma cama quente para dormir eu dedicaria minha vida aos pobres, e é o que eu faço. Vivo 24 horas dedicadas para isso”, diz Dione.
Luta para recuperar a ONG após a enchente
Agora, a dedicação diária foi acrescida do esforço de reformar e remontar a ONG após a enchente de maio, que atingiu a sede da organização, que fica no bairro Mathias Velho. “Nós perdemos tudo. Não temos móveis para começar a trabalhar, quem vier doar é bem vindo. Precisamos de mesas e cadeiras de escritório, arquivo, armários”, solicita Dione.
Por ora, a ONG recebeu tintas para pintar o prédio e materiais para restaurar o forro e o telhado. Doações para manter as famílias atendidas também são necessárias. “Também precisamos de comida, material escolar, roupas de cama, toalhas e alimentos”, destaca a diretora da ONG.
Mesmo colocada para fora de casa pelo avanço das águas, Dione seguiu com o trabalho da ONG enquanto esteve abrigada na casa de amigos. “Nunca paramos. A água chegou no asfaltou e eu continuei ajudando todos os desabrigados. Quando essas famílias voltaram para casa, elas não tinham nada, e eu tinha condições de ajudar”, relata.
Os próximos eventos programados pela ONG serão o Dia das Crianças e o Natal. O projeto está de portas abertas para receber brinquedos e outras doações, como alimentos e cestas básicas, para suprir a demanda dos eventos.
Para os interessados em fazer doações para a ONG, o contato é o telefone (51)981192301.
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