abc+

ATO POR JUSTIÇA

Morreu comendo sorvete com a pessoa que amava, lamenta irmã após feminicídio de enfermeira casada com médico do Samu

Família e amigos fizeram caminhada para pedir que marido seja julgado pelo Tribunal do Júri

Taís Forgearini
Publicado em: 02/11/2024 às 13h:23
Publicidade

Com balões brancos e vestindo camisetas brancas com a imagem de Patricia Rosa dos Santos, 41 anos, vítima de feminicídio, familiares e amigos conduziram uma caminhada com faixas e cartazes na manhã deste sábado (2).

Durante o ato, o grupo com cerca de 200 pessoas realizou oração e reforçou o pedido por justiça para a enfermeira que faleceu no dia 22 de outubro.

Manifestação por justiça para Patricia Rosa dos Santos



Manifestação por justiça para Patricia Rosa dos Santos

Foto: Taís Forgearini/GES-Especial

+ SOBRE O CASO: Sedativo usado na morte da esposa de médico foi levado do estoque do Samu um dia antes do crime

A manifestação pacífica partiu da Rua Açucena com a Avenida Dr. Sezefredo de Azambuja Vieira e percorreu as vias até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Canoas. O ato foi marcado pela comoção.

Emocionados, os participantes clamaram pela realização de um júri para julgar o suspeito pela morte de Patricia, André Lorscheitter Baptista, 48 anos. O médico e marido da vítima está preso desde terça-feira (29), sob a suspeita de dopar a enfermeira por meio de medicação colocada em sorvete e a aplicação de medicamento para induzir o ataque cardíaco, que vitimou Patricia, segundo a Polícia.

“Minha irmã era uma pessoa muito querida e amada por todos. A dimensão dessa monstruosidade [feita com ela] foi tão grande, que os amigos nos perguntaram o que poderia ser feito. Decidimos fazer esse ato para mostrar quem era a Patricia e também para mostrar para as autoridades que esse caso não vai ficar assim, não vai se apagar. E quando houver o julgamento, eu peço que as pessoas compareçam. O que aconteceu não vai ser apagado”, destacou a irmã de Patricia, Priscila Rosa dos Santos.

A irmã mais nova de Patricia, Bruna Taina Rosa dos Santos, desabafou sobre o falecimento.

“Não vamos nos calar. Vamos lutar até o fim da nossa vida. Faremos justiça. Ele tem que pagar. Minha irmã acreditava no amor e na família. Ela foi totalmente inocente. Morreu comendo um sorvete, que uma pessoa que ela amava deu para ela. Minha irmã nunca imaginou, mas estava dormindo com o inimigo literalmente.”

CLIQUE PARA LER: “Ele agiu rápido”: Amigo de médico do Samu atestou infarto e carro de funerária já estava pronto para pegar o corpo

No decorrer do ato, a mãe de Patricia passou mal, sendo atendida imediatamente. Muito abalados, os pais da enfermeira reivindicaram a cassação do registro profissional do médico, a continuidade das investigações e o julgamento por meio do Tribunal do Júri.

Amiga há mais de 10 anos de Patricia, Luciana Santos do Amaral, 48 anos, falou sobre alguns momentos de superação da colega de profissão e sobre o desejo de justiça.

“Quando a maternidade chegou, ela se superou. Era uma ótima mãe, mas também uma ótima filha, irmã, amiga. Espero que o filho fique com a família dela, que tenha um lar bom. O ato que fizemos é simbólico perto de tudo que a Patricia representa para todos nós. Espero que ela veja [do céu] que a justiça foi feita. Até o momento, ainda nada foi provado, mas acredito que seja.”

CLIQUE AQUI PARA FAZER PARTE DA COMUNIDADE DE CANOAS NO WHATSAPP

A manifestação, que durou pouco mais de uma hora, foi encerrada em frente à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Canoas, localizada na Avenida Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, 2730.



Relembre o caso

Foi na manhã do dia 22 de outubro que a irmã de Patrícia procurou a Polícia Civil para denunciar o caso. A denúncia serviu de combustível para que a Polícia Civil corresse ao local e chegasse na casa da vítima, instantes antes do corpo ser recolhido por uma funerária.

Patrícia teve o óbito registrado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por ataque cardíaco, no entanto, os policiais encontraram na casa indícios que ela havia sido assassinada.

O trabalho da perícia e a consequente apuração revelou que o homem vinha dopando a vítima por meio de medicação colocada no sorvete. Com Patrícia dormindo, dosava medicação para induzir o ataque cardíaco, revelaram os laudos.

“Foi tudo premeditado para matar a mulher e escapar impune”, afirmou o delegado Arthur Hermes Reguse. “Se a irmã não tivesse o lampejo de correr até a polícia, o laudo de ataque cardiorrespiratório seria aceito. Só que ela era uma jovem enfermeira sem nenhum histórico cardíaco.”

 

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade