O atraso nos pagamentos dos médicos prestadores de serviço no Hospital Universitário (HU) retornou ao centro das discussões em Canoas. Nesta terça-feira (3) representantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) estiveram em frente à instituição alertando sobre a possibilidade de paralisação dos atendimentos ambulatoriais e de novas internações a partir do dia 7 de dezembro, caso o pagamento de setembro não seja realizado até sexta-feira (6). Além do Simers, familiares de pacientes internados no HU protestaram contra a falta de insumos e a longa espera por procedimentos cirúrgicos.
CLIQUE AQUI PARA FAZER PARTE DA COMUNIDADE DO DIÁRIO DE CANOAS NO WHATSAPP.
Conforme o coordenador da Região Metropolitana do Simers, Daniel Wolff, a situação da falta de pagamento contempla os profissionais contratados na condição de Pessoa Jurídica (PJ). Já os em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estão em dia. No entanto, Wolff afirma que os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não são depositados há dois anos.
“As férias de todos foram canceladas. Os médicos deveriam ter recebido o mês de setembro no dia 15 de novembro. O pagamento de setembro foi prometido para o dia 5 de dezembro. E o de outubro, seguindo o contrato, no dia 15 de dezembro. Até o momento, houve uma promessa extraoficial da direção do HU, mas não temos a confirmação de nada. A situação da falta de insumos, dos mais básicos até os mais essenciais, é outra questão que dificulta o trabalho dos profissionais e prejudica os pacientes”, frisa.
Débora Rodrigues Fagundes, 46 anos, relata que o marido está há dois meses aguardando por uma ponte de safena (procedimento cirúrgico realizado para tratar obstruções nas artérias coronárias).
“É uma situação de vida ou morte. É um descaso com o cidadão. Eles não dão previsão de nada. Tentei contato com a direção do HU, a Secretaria [Municipal] de Saúde e até o prefeito, mas em nenhum momento tive sucesso. Ninguém me ouviu. Vivemos uma situação precária na saúde”, desabafa.
Segundo a moradora do bairro Estância Velha, ela foi informada nesta semana que não havia materiais no hospital para realizar a ponte de safena. “Eles disseram que a carga não chegou, que estava parada no meio do caminho. Sigo sem previsão nenhuma para meu marido.”
O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma não haver risco de paralisação ou restrição nos atendimentos no hospital. A pasta nega a falta de insumos.
“Os salários referentes a setembro serão quitados ainda nesta semana, conforme já havia sido acordado com os médicos. Em relação ao mês de outubro, o pagamento está no prazo e será realizado ainda no mês de dezembro”, diz o comunicado.
De acordo com a SMS, para os vencimentos dos médicos PJs, o contrato prevê que os pagamentos sejam realizados 60 dias após a emissão das notas.
Em relação aos profissionais CLTs, a pasta confirma que os pagamentos estão em dia e com adiantamento da primeira parcela do 13º, com pagamento no dia 20 de novembro.
LEIA TAMBÉM