“Minha irmã morreu e quem matou foi o marido dela”, denunciou uma mulher, na manhã do dia 22 de outubro, no balcão da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Canoas. A denúncia serviu de combustível para que a Polícia Civil corresse ao local e chegasse na casa da vítima instantes antes do corpo ser recolhido por uma funerária.
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Na manhã desta quarta-feira (30), a Polícia esclareceu detalhes da prisão de André Lorscheitter Baptista, 48 anos, médico emergencista do Samu. Ele é investigado pelo crime de homicídio qualificado – feminicídio, cometido contra a própria mulher.
Patrícia Rosa dos Santos, 41 anos, teve o óbito registrado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por ataque cardíaco, no entanto, os policiais encontraram na casa indícios que ela havia sido assassinada, explica o delegado Arthur Hermes Reguse.
“Para começar, ele tinha estranhamente removido o corpo do sofá para o colchão no quarto”, esclarece. “Depois, não conseguia responder coerentemente às perguntas dos policiais. Além disso, achamos uma mochila cheia de medicamentos que ele teve dificuldade em explicar por que tirou da casa.”
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O trabalho da perícia e a consequente apuração revelou que o homem vinha dopando a vítima por meio de medicação colocada no sorvete. Com Patrícia dormindo, dosava medicação para induzir o ataque cardíaco, revelaram os laudos.
“Foi tudo premeditado para matar a mulher e escapar impune”, afirma. “Se a irmã não tivesse o lampejo de correr até a polícia, o laudo de ataque cardiorrespiratório seria aceito. Só que ela era uma jovem enfermeira sem nenhum histórico cardíaco.”
Reguse observa não estar clara a motivação por trás do crime. O marido teria tentado convencer a mulher a um aborto há pouco mais de dois anos, porém não havia histórico de violência ou brigas na relação, segundo relatos de parentes e vizinhos.
“Eles diziam que era um cara estranho, mas nada que levasse a crer que pudesse premeditar a morte da mulher” diz. “Falam até que era carinhoso com o menino, então não temos nada de concreto a dizer sobre a motivação por trás do crime.”
Caso Bernardo
A Polícia Civil aponta que o medicamento Midazolam encontrado na mochila do suspeito é apontado como responsável pela morte era de uso restrito de hospitais.
“É o mesmo medicamento usado no caso Bernardo”, lembra o delegado Rafael Soares, diretor do Departamento Metropolitano de Homicídios. “Ele inclusive dava injeções no pé da vítima, e não no braço, para que ninguém achasse a prática a um primeiro olhar.”
A reportagem tenta contato com a defesa do médico. O espaço está aberto para manifestação.
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