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Cultura

Lorena Steiner completa três décadas fazendo arte em Canoas

Aos 78 anos, artista canoense vive um recomeço após apresentar trabalho na Grécia

Publicado em: 29/07/2024 às 14h:54 Última atualização: 29/07/2024 às 14h:59
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Aos 78 anos, Lorena Steiner vive um recomeço. Isso mesmo. Ao completar 30 anos de sua trajetória como artista plástica e pintora, ela respira uma sadia retomada da arte que a tornou a mais completa e querida entre as artistas de Canoas.

A artista Lorena Steiner está celebrando 30 anos dedicados à arte em Canoas



A artista Lorena Steiner está celebrando 30 anos dedicados à arte em Canoas

Foto: PAULO PIRES/GES

A morte do marido, Ernesto, aos 81 anos, vítima de câncer, acabou impactando o trabalho da canoense. Ela andava desanimada e sem o espírito aventureiro que a impulsionava e garantia a seu trabalho uma eterna juventude.

O recomeçou veio por meio de um convite do coreógrafo e produtor Rubielson Medeiros para mostrar seu talento durante uma noite de dança na Grécia. A viagem para a Europa no ano passado acabou sendo renovadora.

“Pensei em recusar o convite porque não me imaginava tendo algo a apresentar em uma noite de dança”, lembra. “Então aceitei a proposta de criar uma pintura com terra enquanto ocorria a apresentação. Foi incrível”.

De volta para Canoas, no ateliê que tem no apartamento, manuseia habilmente fios de cobre e linha de algodão; papel de jornal, plástico e tijolos; rejunte de azulejo, pó de pedra; e outros materiais que dão forma a trabalhos concretos ou abstratos que forma seu cardápio estilístico.

“Eu não tinha mais vontade de entrar no ateliê e agora me sinto com o ânimo renovado”, explica. “Venho recebendo alguns convites de trabalhos e para expor e tem aceitado a todos com o maior prazer”.

A dinâmica no ateliê não mudou, ela conta. Lorena pensa, mas não muito, a respeito da obra a criar. Isso se mantém desde que ela recolhia porções coloridas de terra para pintar em Canoas.

“Não costumo pensar em nada antes de começar a pintar, moldar ou tecer”, esclarece. “Apenas me deixo ser levada. Em cima da tela, os pensamentos surgem e o trabalho ganha significado”.

Em uma época de marasmo cultural, Lorena Steiner diz que o importante é fazer pensar.

“O importante é criar reflexão”, acrescenta. “Vivemos em um mundo em que tudo está tão pronto, mastigado e digital que o pensamento e a reflexão são muito bem-vindos”, conclui.

Uma vida vista em filme 

Foi na última quarta-feira (24) que artistas ligados ao audiovisual e literatura canoense se reuniram para um debate virtual em torno do documentário “Lorena em Todos os Tons”, lançado em 2021.

Dirigido por Alexandre Moraes e narrado pela atriz Leila Silveira, a produção foi debatida noite adentro entre profissionais ligados à cultura que visam fomentar o audiovisual da cidade.

“Ganhar um documentário sobre o meu trabalho foi muito gratificante”, disse. “Durante a minha trajetória, fiz muitos amigos e sempre é um prazer muito grande conversar e debater a respeito da cultura e do mundo”.

Villa Mimosa

Quem quiser conhecer um pouco do trabalho de Lorena Steiner, existe uma exposição apresentada atualmente na Casa das Artes Villa Mimosa (Av. Guilherme Schell, 6270) que, segundo a própria criador, reflete Canoas.

“Me pediram alguns trabalhos e pensei em condensar e divulgar obras minhas que refletem Canoas em sua essência”, explicou.

A visitação na Villa Mimosa ocorre de terça à quinta-feira das 9 horas ao meio-dia e das 14 às 18 horas. Nas sextas, a visitação é das 8 às 14 horas. Aos sábados e domingos, das 14 às 18 horas, com visitação apenas na sala de exposição do local.

Par de sapatos de bailarina tecidos com fios de cobre foi criação recente de Lorena Steiner



Par de sapatos de bailarina tecidos com fios de cobre foi criação recente de Lorena Steiner

Foto: PAULO PIRES/GES

Querida por arquitetos e decoradores

A paixão de Lorena Steiner pela arte começou muito cedo. Ainda adolescente, se arriscou na pintura. No entanto, foi somente quando se aposentou como professora, em 1994, que a carreira como artista plástica ganhou fôlego renovado. Passou a dedicar seis a oito horas diárias, além de estudos intensos.

No apartamento, os livros de bordas desgastadas denotam a medida em que foram lidos e relidos. Hoje já consagrada, Lorena garantiu espaço junto a arquitetos e decoradores ainda na metade da década de 90.

Trabalhava em parceria com alguns dos maiores profissionais do ramo de Porto Alegre e Canoas.

“Sempre trabalhei com arte contemporânea e diziam que meus trabalhos eram perfeitos para decorar residências”, lembra. “Cheguei a vender cinco quadros em uma semana”.

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