VIOLÊNCIA

Justiça toma decisão sobre mãe suspeita de matar bebê com fita adesiva

Caso é descrito por delegado como "o mais triste e bizarro" desde que está no comando da Divisão Metropolitana do Departamento de Homicídios

Publicado em: 26/06/2024 12:19
Última atualização: 26/06/2024 12:19

A Justiça decretou a prisão preventiva da mãe suspeita de matar e posteriormente abandonar filha recém-nascida na lixeira de um banheiro do prédio em que trabalhava. O caso aconteceu na manhã de segunda-feira (24), em Canoas.

Diretor da Divisão de Homicídios, o delegado Rafael Pereira esclareceu pontos da investigação durante coletiva na terça-feira (25) Foto: PAULO PIRES/GES

A informação partiu do Departamento Estadual de Homicídios na manhã desta quarta-feira (26). Isso após a decisão do judiciário de converter a prisão em flagrante executada na noite de segunda-feira em preventiva.

Seguindo o Código de Processo Penal, a prisão preventiva consiste na privação da liberdade de uma pessoa antes do julgamento do processo criminal. É garantida por 90 dias e pode ser ampliada, mediante decisão fundamentada, caso necessário.

Conforme o diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, o delegado Rafael Pereira, imediatamente após assumir o caso, a Polícia Civil não mediu esforços para identificar e prender a suspeita pela morte da bebê.

A prisão em flagrante foi dada pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, cerca de oito horas após a bebê ser abandonada sem vida no prédio de luxo na Avenida Getúlio Vargas.

“A neném sofreu violência incomum”, avalia o delegado. “Foi difícil até racionar ao observar as imagens da bebê com fita adesiva tapando a boca e o nariz. Então era prioridade garantir o auto de prisão em flagrante, mas pedimos também a prisão preventiva”.

Há um ano e meio à frente da Divisão Metropolitana do Departamento de Homicídios, o delegado ressaltou se tratar do mais triste caso assumido pela Polícia Civil durante o período.

“É o caso mais triste e bizarro durante este período”, reforça. “Partimos da denúncia de um feto abandonado para encontrar o cadáver da bebê em condições que nem nossos mais experientes policiais poderiam imaginar.”

Motivação

Segundo a Polícia Civil, o bebê nasceu em um quartinho na casa em que vivia a suspeita. O sangue coagulado do parto improvisado permanecia no local quando os policiais chegaram ao endereço.

À polícia, a suspeita confessou, informalmente, que não queria ficar com a criança. Durante o depoimento, seguindo orientação do advogado, a mulher se manteve em silêncio e não demonstrou remorso.

À frente da investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, o delegado Arthur Hermes Reguse afirmou que ela não estava fora de si e aparentava tranquilidade ao ser presa.

“Ela até comentou assuntos absolutamente triviais durante o período em que estava no carro de polícia”, explica. “Não parecia psicologicamente abalada com nada do que aconteceu.”

Mãe de outros dois menores, a mulher presa em flagrante já teve a prisão preventiva pedida pela Justiça, aponta Reguse, que diz ser um caso ímpar, já que não é habitual se ver uma mãe presa logo após o parto do próprio bebê.

“Descobrimos por meio da investigação que a suspeita tentava esconder a gravidez de qualquer jeito”, esclarece. “Inclusive não se sabe quem era o pai da criança e não há indício da participação de mais ninguém durante o parto improvisado em casa por ela.”

Acompanhamento

Após a prisão, a suspeita acabou sendo encaminhada Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional, onde deve passar por acompanhamento médico e psicológico antes de ser encaminhada para o sistema prisional.

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