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JULGAMENTO

Saiba o que disseram as primeiras testemunhas do caso da técnica de enfermagem acusada de tentar matar 11 bebês

Caso aconteceu em 2009, e júri ocorre quase 15 anos após o fato

Publicado em: 11/07/2024 às 12h:47 Última atualização: 11/07/2024 às 16h:59
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Começou no fim da manhã desta quinta-feira (11), o júri da técnica de enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro, de 40 anos. Ela é acusada de tentar matar 11 recém-nascidos no Hospital Universitário (HU) de Canoas com aplicação de medicamentos controlados.

Tribunal do Júri



Tribunal do Júri

Foto: Paulo Pires/GES

O caso aconteceu em 2009, e o julgamento ocorre quase 15 anos após o fato. Previsto para começar às 9h30 no Foro da Comarca de Canoas, teve atraso. 

A primeira testemunha ouvida foi da acusação. Um policial civil aposentado, que na época era chefe de investigação, foi chamado pela administração do HU para averiguar a situação e relatou ter visto Vanessa retirar materiais do seu armário e guardar em uma pequena pochete, nervosa.

A segunda testemunha foi a enfermeira que, em 2009, era coordenadora da ala materno-infantil da casa de saúde. “Senti culpa por não ter percebido a situação antes”, comenta.

A enfermeira disse que a desconfiança surgiu quando uma médica administrou um antídoto para o medicamento dado a um dos bebês, que estava em processo de parada respiratória. “Percebemos que era sempre ela que estava na escala, nos dias de folga dela, isso não acontecia. Era ela que indicava para a equipe”, diz em referência à Vanessa.

Famílias

As famílias das vítimas acompanham o julgamento e aguardam com ansiedade por uma decisão. “Faz 14 anos que esperamos por esse momento. Graças a Deus, nossos filhos estão aqui, mas poderiam não estar. Eu nunca perdi a esperança de que a justiça fosse feita”, conta o motorista Alexandre Fagundes e Silva, 43.

Ao longo dos anos de espera pelo julgamento, os pais dos bebês, que foram internados na UTI após receberem os sedativos em 2009, mantiveram contato para reforçar o pedido por justiça. “A gente fala em filhos no plural porque é como se fossem todos nossos. A gente compartilha a mesma dor”, diz a diarista Franciane Dorneles, 34.

“Meu filho teve sete paradas cardíacas e só está aqui hoje porque foi entubado. Estamos na expectativa de uma sentença”, relatou a autônoma Alessandra Winkelmann, 32.

“Para nós, ela sabia o que estava fazendo. Uma pessoa pode errar uma vez, mas não onze vezes”, argumenta Alexandre. “É um filme que começou há 14 anos e não teve fim. Esperamos por um final feliz para nós”, comenta Alexandre.

Defesa

Gerson Menezes de Melo, marido da ré desde 2012, foi o último a depor durante a manhã. Ele contou ter ciência dos fatos pelos quais ela é acusada, alegou que Vanessa tem um histórico de transtornos mentais e que faz acompanhamento psiquiátrico.

Além disso, disse que a esposa teria sofrido abuso sexual durante a infância. “Não tenho conhecimento direto do que aconteceu, mas ela me contou a história de vida dela”, relatou.

O casal tem um filho de 2 anos, e Melo também ressaltou que Vanessa cuida do sogro, que precisa de assistência domiciliar por conta de problemas de saúde. “Faz 11 anos que estamos juntos e não tenho dúvidas de que ela melhorou neste período”, conta.

Sobre o Tribunal do Júri

O julgamento iniciou com relatos de testemunhas de acusação e de defesa. Peritos técnicos também serão escutados no Foro da Comarca de Canoas. A expectativa é de que o júri se estenda durante toda esta quinta-feira.

O júri foi sorteado pelo juiz Diogo de Souza Mazzucatto Esteves. O Conselho de Sentença está formado por três mulheres e quatro homens. O promotor de justiça responsável é Rafael Russomanno Gonçalves.

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