As enchentes que destruíram parte de Canoas, além de destruir casas e ceifar vidas, criaram um problema econômico que segue reverberando após três meses da inundação que tomou metade da cidade.
Os prejuízos e as perdas da indústria, comércio e serviços causaram um rombo na arrecadação do Estado e, consequente, no Município, conhecido por ser o mais atingido entre as cidades gaúchas no período.
Conforme a Secretaria Municipal da Fazenda, Canoas perdeu mais de R$ 43 milhões na arrecadação somente entre os meses de maio e junho, época em que o lado oeste terminou destruído pelas águas.
Os números de julho ainda não foram contabilizados por completo, explica o secretário João Portela, contudo o quadro não deve ser diferente, já que a arrecadação de impostos como ICMS e IPTU seguem comprometidos.
“O impacto é enorme também para a arrecadação do Município”, afirma. “Houve empresas que encerraram atividades e muitos postos de trabalho fechados, o que além de pessoas que não voltaram para casa”.
Conforme o secretário, o mês de maio fechou com perda de R$ 23,5 milhões e junho com R$ 20 mi. O número só não é maior devido a um aporte do Governo Federal na casa R$ 10 milhões como auxílio em meio as cheias.
“O número real seria R$ 53 milhões, porém houve a amortização de R$ 10 milhões graças ao auxílio do Governo Federal, que compreende a situação e tem colaborado para ajudar Canoas nesta retomada”.
Rombo orçamentário
Terceira colocada no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) e de população entre os municípios gaúchos, Canoas, antes mesmo do início da tragédia em maio, vivia incerteza por conta do déficit orçamentário.
O apontamento era de um rombo superior a R$ 420 milhões. Seriam mais de R$ 70 somente na saúde, conforme os números apontados pelo próprio Município. Esse quadro se agravou após as enchentes.
Conforme Portela, ainda não existe a contabilidade do quadro geral, no entanto, a projeção levará em conta despesas que não eram nem imaginadas até que as águas começassem a inundar a cidade.
“Hoje o Município tem despesas que a gente nem imaginava no começo do ano”, frisa. “A situação não é de calamidade graça ao Governo Federal, que vem auxiliando com recursos necessários, mas a situação é permanece grave”.
Na avaliação do experiente economista, o saldo de prejuízos a ser deixado pela tragédia até o final deste ano será economicamente pior que aquele causado pela pandemia a partir de 2020.
“Em 2020, havia o isolamento e as perdas, todavia, os bens estavam intactos e a recuperação era visível, porque as pessoas voltavam a trabalhar e produzir”, esclarece. “Só que agora é diferente e imaginamos uma recuperação lenta”.
Retomada segura
Com uma arrecadação estimada em R$ 2,5 bilhões, Canoas irá se recuperar, defende o secretário, porém será preciso encontrar o equilíbrio entre a receita e as despesas. Isso em paralelo aos investimentos necessários.
Ele aponta que após a limpeza e destinação dos entulhos acumulados, as obras de reestruturação e construção dos diques passam a ser prioridade para garantir a segurança que o lado oeste da cidade necessita.
O Governo Federal já apontou investimento de R$ 9 bilhões no Rio Grande do Sul para a reconstrução do Estado. Serão R$ 700 milhões destinados somente a Canoas para serem solucionados os problemas nos diques.
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“A população do lado oeste da cidade necessita de segurança”, salienta. “Além disso, as obras nos diques serão fundamentais para garantir a retomada plena nos investimentos que os setores da indústria e comércio precisam”, conclui.