Idosa e R$ 40 mil: A trilha que levou à descoberta do crime que "pulverizava" dinheiro de vítimas e transformava em dólares e criptomoedas

Foi em 2023 que a Polícia Civil identificou um grupo de Passo Fundo que se “especializou” em aplicar o batido “golpe do bilhete premiado”. Na época, foram identificadas 21 vítimas, que somaram mais de R$ 1 milhão em prejuízos.

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Os braços da organização, contudo, continuaram a agarrar vítimas, razão que motivou a quinta etapa da batizada Operação Illusio, organizada pela polícia, na manhã desta quinta-feira (21), mirando criminosos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Foram cinco presos.

A ação organizada pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas partiu de uma investigação envolvendo uma idosa que, em um único golpe aplicado na cidade, perdeu a quantia de R$ 40 mil entregues aos criminosos, segundo a delegada Luciane Bertoletti, que coordenou a apuração.

Segundo ela, os investigados pulverizaram o dinheiro das vítimas entre os integrantes da associação criminosa e a maior parte acaba usada para a compra de dólares em espécie em diferentes casas de câmbio, além de serem transformados em criptoativos.

Nesta quinta-feira, são cumpridos oito mandados de prisão temporárias, mais sete mandados de busca e apreensão em Caxias do Sul, Passo Fundo e em Balneário Arroio do Silva, em Santa Catarina, onde foi capturado um dos cabeças por trás do esquema.

A ação contou com a colaboração da Polícia Civil de Santa Catarina. Conforme o delegado catarinense Juliano Baesso, criminoso preso em Balneário Arroio do Silva chegou a confessar a participação no esquema durante o interrogatório.

Cartilha do golpe

Segundo a Polícia Civil, o golpe do bilhete premiado ocorre quando uma vítima, geralmente pessoa idosa, é abordada em via pública. Um dos criminosos se passa por uma pessoa humilde, e fala que possui um bilhete premiado, cujo prêmio dividirá com a vítima caso ela o ajude.

Conforme a delegada Luciane Bertoletti, o grupo alvo da operação desta quinta-feira chegou a montar uma cartilha, com roteiro bem definido das abordagens às vítimas, seguido à risca em solo gaúcho ou catarinense.

“Eles montaram em Passo Fundo uma escola do golpe, que tem até com cartilha”, afirma. “O que chamou a atenção é a forma como é construída do golpe, quase como um enredo de filme, com até três pessoas participando da encenação”, explicou.