Referência em atendimento de traumatologia de urgência e emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) começou nesta semana o processo de avaliação da unidade atingida na enchente na madrugada do dia 4 de maio. Equipes de engenharia predial e de tecnologia da informação iniciaram o processo de diagnóstico da rede elétrica, tubulações, equipamentos e materiais de bloco cirúrgico. O local ficou quase duas semanas parcialmente submerso pelas águas da inundação no bairro Mathias Velho.
Segundo o médico e diretor técnico do HPSC, Álvaro Fernandes, em um cenário otimista, a retomada das atividades do hospital poderá ocorrer em até 60 dias. “O prazo poderá ser maior. Tudo dependerá de um conjunto de fatores, mas estamos unindo forças para reerguemos a unidade. Ainda não temos a real dimensão dos estragos, porém, a estimativa inicial é que sejam necessários de R$ 30 a 35 milhões para recuperar a estrutura, mobília e equipamentos”, explica.
Com a redução das águas, já é possível visualizar o piso do primeiro andar do hospital. O imóvel fica há cerca de um metro acima do nível da rua, que ainda apresenta pontos de alagamento.
“Essa diferença possibilitou o início dos trabalhos de reconhecimento dos danos. Há muito escombro. A mobília, por exemplo, virou um monte de lixo”, diz.
O primeiro cronograma de ações contempla a análise inicial da estrutura do prédio, a avaliação da necessidade de contratação de uma empresa especializada em serviços de engenharia, o resgate de utensílios em aço inoxidável para higienização e esterilização, a retirada de entulhos e a limpeza do local.
“Acreditamos que os materiais do bloco cirúrgico poderão ser recuperados devido ao tipo de material. O aço inoxidável tem durabilidade em contato com a água e pode passar desinfecção.”
Entre as perdas de equipamentos está o tomógrafo, uma das mais recentes aquisições do hospital. O aparelho estava em fase de calibração para uso quando a tragédia ocorreu.
“Por ser novo, está na garantia, porém, ela não cobre desastres naturais. No momento, temos duas alternativas: a primeira é o conserto da peça principal, que já foi removida do tomógrafo. A segunda: se não for possível o conserto, estamos em contato com a empresa fornecedora para uma possível substituição do aparelho. Diante de todo esse cenário de catástrofe, talvez seja possível uma flexibilização sobre a garantia”, frisa Fernandes.
De acordo com o diretor do HPSC, dos 750 colaboradores, cerca de 50% dos profissionais foram atingidos pelas enchentes de Canoas e da região metropolitana. “Muitos perderam tudo e estão abrigados em casas de familiares e amigos. Com o escoamento gradual das águas, a previsão é que, na próxima semana, o quadro de funcionários esteja operando com capacidade de 70% no Hospital Nossa Senhora das Graças [HNSG]. Neste momento, estamos tentando apoiar os nossos colaboradores no que é possível.”
As equipes do HPSC foram realocadas para o Hospital Universitário (HU) e o HNSG. Nesta semana, todos os profissionais estão sendo transferidos para o Hospital Nossa Senhora das Graças. “A ideia é que os pacientes possam ser acompanhados pelas equipes médicas desde a entrada até a alta. Dividir as equipes em dois hospitais estava impossibilitando isso. Portanto, até o retorno das atividades do hospital, nossas equipes atuarão 100% no HNSG”, finaliza.
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